Cooperação Investigativa na Prática da Modelagem Matemática com Ênfase na Justiça Social: uma Análise no Contexto do Sistema Prisional
DOI:
https://doi.org/10.30612/tangram.v8i1.19627Palavras-chave:
APAC; cárcere; educação matemática crítica; EJA.Resumo
Este trabalho, de natureza qualitativa e vinculado a uma pesquisa de mestrado, teve como objetivo identificar elementos da cooperação investigativa — estabelecer contato, perceber, reconhecer, posicionar-se, pensar alto, reformular, desafiar e avaliar — presentes na prática de modelagem matemática, com ênfase na justiça social, desenvolvida com estudantes da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (APAC). A atividade foi conduzida segundo os princípios da Educação Matemática Crítica e as cinco etapas de modelagem propostas por Burak e Klüber. Neste artigo, analisamos os dados obtidos com a turma de regime semiaberto, com foco na profundidade analítica. Optamos pelo relato de experiência como estratégia para evidenciar os processos de ensino e aprendizagem e os momentos de manifestação dos elementos da cooperação investigativa. A constituição dos dados se deu por meio de gravações de áudio das aulas e anotações em diário de bordo da professora-pesquisadora. A análise baseou-se na Análise Textual Discursiva, contemplando quatro etapas processuais, das quais três (unitarização, categorização e comunicação) formam um ciclo que antecede a fase de auto-organização. Por fim, trazemos algumas reflexões, limitações e possibilidades futuras à luz da análise realizada. A pesquisa evidenciou o engajamento crítico de estudantes da APAC em propostas de modelagem matemática com foco na justiça social. Destacaram-se as ações de cooperação investigativa na construção coletiva do conhecimento e na análise de desigualdades. Os resultados apontam o potencial da modelagem para promover reflexões críticas e práticas educativas transformadoras, quando guiadas pelo diálogo, em contextos de privação de liberdade.
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