Educação Matemática Crítica e resistência: possibilidades diante do avanço neoliberal nas escolas públicas
DOI:
https://doi.org/10.30612/tangram.v8i1.19629Palavras-chave:
Neoliberalismo. Precarização do trabalho docente. Educação Básica.Resumo
Este artigo tem por objetivo analisar como a Educação Matemática Crítica pode se constituir como uma forma de resistência, ou, ainda, de insubordinar-se criativamente diante das limitações impostas por um modelo curricular neoliberal, que se propaga e se estabelece como a única possibilidade no Ensino Médio do estado de São Paulo. A pesquisa foi realizada na disciplina de Estágio Supervisionado em Ensino de Matemática II com enfoque no Ensino Médio, com licenciandos do último semestre de um curso de Licenciatura em Matemática de uma Universidade Pública do Estado de São Paulo. Os participantes analisaram o material curricular estadual e avaliaram sua capacidade de estimular o pensamento crítico e a criatividade dos estudantes, bem como avaliaram a autonomia docente para realização de atividades críticas, sobretudo por meio dos cenários para investigação. Os resultados indicam que, apesar das restrições, é possível que os professores se subvertam criativamente e ressignifiquem o material. No entanto, os professores entrevistados pelos licenciandos apontaram que essa prática, embora viável, é exaustiva devido à sobrecarga de trabalho e às exigências das avaliações externas, que reforçam um currículo rigidamente estruturado. Ainda assim, destacamos a importância de persistir na construção de práticas pedagógicas que promovam uma educação libertadora, ampliando as possibilidades de formação crítica dos estudantes e desafiando as estruturas que perpetuam desigualdades na sociedade.
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