Educação Matemática Crítica e resistência: possibilidades diante do avanço neoliberal nas escolas públicas

Authors

DOI:

https://doi.org/10.30612/tangram.v8i1.19629

Keywords:

Neoliberalismo. Precarização do trabalho docente. Educação Básica.

Abstract

Este artigo tem por objetivo analisar como a Educação Matemática Crítica pode se constituir como uma forma de resistência, ou, ainda, de insubordinar-se criativamente diante das limitações impostas por um modelo curricular neoliberal, que se propaga e se estabelece como a única possibilidade no Ensino Médio do estado de São Paulo. A pesquisa foi realizada na disciplina de Estágio Supervisionado em Ensino de Matemática II com enfoque no Ensino Médio, com licenciandos do último semestre de um curso de Licenciatura em Matemática de uma Universidade Pública do Estado de São Paulo. Os participantes analisaram o material curricular estadual e avaliaram sua capacidade de estimular o pensamento crítico e a criatividade dos estudantes, bem como avaliaram a autonomia docente para realização de atividades críticas, sobretudo por meio dos cenários para investigação. Os resultados indicam que, apesar das restrições, é possível que os professores se subvertam criativamente e ressignifiquem o material. No entanto, os professores entrevistados pelos licenciandos apontaram que essa prática, embora viável, é exaustiva devido à sobrecarga de trabalho e às exigências das avaliações externas, que reforçam um currículo rigidamente estruturado. Ainda assim, destacamos a importância de persistir na construção de práticas pedagógicas que promovam uma educação libertadora, ampliando as possibilidades de formação crítica dos estudantes e desafiando as estruturas que perpetuam desigualdades na sociedade.

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Author Biographies

Johnny Nazareth dos Santos, Universidade Federal do Rio de Janeiro

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Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Monike Alves Gouvea, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Possui graduação em Matemática (2013) e Mestrado em Educação Básica (2023) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), atualmente é Professora Assistente do Departamento de Matemática e Desenho da mesma instituição. Membro do Grupo de Pesquisa e Extensão em Estudos de Gênero e Sexualidades em Educação Matemática (MatematiQueer - UFRJ), tem interesse nas áreas de Educação Matemática Crítica, Educação Matemática para justiça social, Estudos de Gênero e Sexualidades em Educação Matemática

João Paulo Oliveira da Paz, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Licenciado em Matemática pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Engenheiro Químico pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Atualmente é mestrando em Ensino de Matemática pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino de Matemática da UFRJ (PEMAT) e professor de Matemática na rede pública de ensino dos municípios de Queimados/RJ e Nova Iguaçu/RJ. É membro do grupo de extensão e pesquisa MatematiQueer, atuando na linha de pesquisa Educação Matemática Crítica, Direitos Humanos e Justiça Social.

Denner Dias Barros, Universidade de São Paulo

Docente do departamento de Matemática do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC/USP). Professor Colaborador do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Matemática (PEMAT) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Doutor em Educação Matemática pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática (PPGEM) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) - Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Unesp (IGCE/Unesp). Mestre em Educação Matemática, também pelo IGCE- Unesp. Possui Licenciatura em Matemática pela Unesp - Faculdade de Ciências e Tecnologia da Unesp (FCT/Unesp) e Pedagogia pela Faculdade Educacional da Lapa (FAEL). Especialista em Libras: Prática e Tradução/Intérprete pela Universidade do Oeste Paulista (Unoeste). Especialista em Educação a Distância pela Faculdade Educacional da Lapa (FAEL). Especialista em Educação Especial e Inclusiva pela Faculdade Futura. Membro do Grupo de Pesquisa em Educação Matemática e Inclusão (Épura) do IGCE/Unesp, do Grupo Políticas e Práticas em Educação Inclusiva (PPEI) da Unoeste e do Grupo MatematiQueer: Estudos de Gênero e Sexualidades em Educação Matemática da UFRJ.

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Published

2025-09-07

How to Cite

Santos, J. N. dos, Gouvea, M. A., Paz, J. P. O. da, & Barros, D. D. (2025). Educação Matemática Crítica e resistência: possibilidades diante do avanço neoliberal nas escolas públicas. TANGRAM - Revista De Educação Matemática, 8(1), e025010. https://doi.org/10.30612/tangram.v8i1.19629

Issue

Section

EDIÇÃO TEMÁTICA: EDUCAÇÃO MATEMÁTICA CRÍTICA