Relações raciais: por um pensar crítico sobre a branquitude

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30612/raido.v15i37.14392

Palavras-chave:

Antirracismo, relações étnico-raciais, branquitude, educação, ensino.

Resumo

O racismo e a discriminação racial são constitutivos da formação social brasileira. Nesse contexto, este artigo propõe uma discussão crítica sobre a branquitude, que se refere à forma como os sujeitos brancos se apropriam da categoria raça e do racismo na constituição de suas subjetividades e, ao se apropriarem, acreditam que “ser branco” determina características morais, intelectuais e estéticas dos indivíduos e que os distinguem dos “outros” racializados. Para isso, foram priorizados estudos críticos sobre a branquitude cuja lógica é fazer um deslocamento de estudo dos “outros” racializados para o ponto central da construção da ideia de raça, ou seja, para os brancos. Na direção de uma educação antirracista propõe-se uma pedagogia crítica da branquitude no sentido de problematizá-la enquanto modelo universal de humanidade, por meio de uma prática dialógica em que os sujeitos e grupos sociais (re)construam a branquitude como uma representação não fixa e guiada por referenciais que se associam com lutas, relações e práticas democráticas e comprometidas com a humanização autêntica dos sujeitos.

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Biografia do Autor

Maria Auxiliadora Almeida Arruda, Instituto Federal de Educação, Ciencia e Tecnologia de Mato Grosso

Professora da área de Pedagogia no curso de Licenciatura em Ciencias Biológicas do IFMT campus avançado Diamantino

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Publicado

28.07.2021

Como Citar

Arruda, M. A. A. (2021). Relações raciais: por um pensar crítico sobre a branquitude. Raído, 15(37), 237–254. https://doi.org/10.30612/raido.v15i37.14392

Edição

Seção

Relações étnico-raciais, branquitude e os efeitos de sentido