O (não) lugar da alfabetizadora em proposições pedagógico-curriculares de língua portuguesa para o ensino fundamental
DOI:
https://doi.org/10.30612/raido.v16i40.16380Palabras clave:
Pedagogia, Docência, Currículo, Alfabetização, LetramentoResumen
A formação de professoras de língua portuguesa para os anos iniciais é condicionada historicamente por clivagens nos currículos da escola básica e de suas contrapartes nos cursos de licenciatura. Aos primeiros anos do Ensino Fundamental I, atribui-se historicamente o objetivo primeiro de promover a aquisição da escrita alfabética, num espaço discursivo caracterizado pela concorrência entre concepções teórico-metodológicas produzidas em campos diversos do conhecimento. A produção de textos, em práticas de leitura e de escrita, ocupa posição diversa nesses espaços de concorrência, concebida ora como uma pré-condição para que o processo de alfabetização se realize de forma significativa para o alfabetizando, ora como um fator instrumental para a efetivação do processo de alfabetização, o que produz efeitos sobre os modos como o conceito de letramento é apropriado como referência didático-pedagógica. A formação do leitor e do escritor é prevista então para ocorrer, ou integradamente à aquisição da escrita alfabética, ou apartadamente, quando as possibilidades de realização autônoma da escrita alfabética pelos/as estudantes estariam/deveriam estar estabelecidas. Nesse processo curricular difuso, as diferentes funções atribuídas à língua, ao texto e ao letramento referenciam modos diversos de valoração profissional da alfabetizadora, conquanto se atribua ou não a esta, curricularmente, a função de professora de língua portuguesa. O objetivo neste trabalho é o de caracterizar as representações oficiais do trabalho docente decorrentes do nível de especialidade que se atribui à formação e à atuação profissional da professora de língua portuguesa para as fases iniciais da escolarização no Ensino Fundamental I. Para responder a este objetivo foram analisados, com base em conceitos da análise de discurso de linha francesa, os modos como se inter-relacionam concepções de língua, de texto e de letramento em documentos de referência curricular para o ensino de língua portuguesa nos anos iniciais.
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