Relações raciais: por um pensar crítico sobre a branquitude

Authors

DOI:

https://doi.org/10.30612/raido.v15i37.14392

Keywords:

Antirracismo, relações étnico-raciais, branquitude, educação, ensino.

Abstract

O racismo e a discriminação racial são constitutivos da formação social brasileira. Nesse contexto, este artigo propõe uma discussão crítica sobre a branquitude, que se refere à forma como os sujeitos brancos se apropriam da categoria raça e do racismo na constituição de suas subjetividades e, ao se apropriarem, acreditam que “ser branco” determina características morais, intelectuais e estéticas dos indivíduos e que os distinguem dos “outros” racializados. Para isso, foram priorizados estudos críticos sobre a branquitude cuja lógica é fazer um deslocamento de estudo dos “outros” racializados para o ponto central da construção da ideia de raça, ou seja, para os brancos. Na direção de uma educação antirracista propõe-se uma pedagogia crítica da branquitude no sentido de problematizá-la enquanto modelo universal de humanidade, por meio de uma prática dialógica em que os sujeitos e grupos sociais (re)construam a branquitude como uma representação não fixa e guiada por referenciais que se associam com lutas, relações e práticas democráticas e comprometidas com a humanização autêntica dos sujeitos.

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biography

Maria Auxiliadora Almeida Arruda, Instituto Federal de Educação, Ciencia e Tecnologia de Mato Grosso

Professora da área de Pedagogia no curso de Licenciatura em Ciencias Biológicas do IFMT campus avançado Diamantino

References

AZEVEDO, C. M. M. Onda negra, medo branco: o negro no imaginário das elites – século XIX. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.

BENTO, M. A. S. Branqueamento e branquitude no Brasil. In: CARONE, I.; BENTO, M. A. S. (Org.). Psicologia Social do Racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014, p. 25-58.

BENTO, Maria Aparecida Siva. Branquitude e poder: a questão das cotas para negros. Simpósio Internacional do Adolescente. São Paulo, 2005. Disponível em: <http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=MSC0000000082005000100005&lng=en&nrm=abn>. Acesso em: 12 de fev. 2020.

BERNARDINO-COSTA, J.; MALDONADO-TORRES, N.; GROSFOGUEL, R. (Org.) Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica, 2018.

CARONE, I. Breve histórico de uma pesquisa psicossocial sobre a questão racial brasileira. In: CARONE, I.; BENTO, M. A. S. (Org.). Psicologia Social do Racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. p. 13-23.

CARONE, I.; BENTO, M. A. S. (Org.). Psicologia Social do Racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014.

DÁVILA, Jerry. Diploma de brancura: política social e racial no Brasil (1917-1945). Trad. Claudia Sant’Ana Martins. São Paulo: Editora Unesp, 2006.

DU BOIS, W. E. B. As almas da gente negra. Rio de Janeiro: Lacerda, 1999.

FANON, Frantz. Os condenados da terra. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1968.

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.

FERES JÚNIOR, J.; A atualidade do pensamento de Guerreiro Ramos: branquidade e nação. Caderno CrH, Salvador, v. 28, n. 73, p. 111-125, 2015.

FRANKENBERG, Ruth. A miragem de uma branquidade não-marcada. In: WARE, Vron (Org.). Branquidade: identidade branca e multiculturalismo. Rio de Janeiro: Garamond, 2004, p. 307-338.

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

GILROY, Paul. O Atlântico Negro. Modernidade e dupla consciência. São Paulo, Rio de Janeiro, 34/Universidade Cândido Mendes – Centro de Estudos Afro-Asiáticos, 2001.

GIROUX, Henry A. Por uma pedagogia e política da branquitude. Cadernos de pesquisa, n. 107, p. 97-132, 1999.

GROSFOGUEL, R. Para uma visão decolonial da crise civilizatória e dos paradigmas da esquerda ocidentalizada. In: BERNARDINO-COSTA, J.; MALDONADO-TORRES, N.; GROSFOGUEL, R. (Org.) Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica, 2018. p. 55-77.

GUERREIRO RAMOS, A. Introdução Crítica à Sociologia Brasileira. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ, 1995.

HALL, S. Cultura e representação. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2016.

MIGNOLO, Walter; ESCOBAR, Arturo (Eds.). Globalization and the Decolonial Option. London: Routledge, 2010.

MILANEZ, F.; SÁ, L.; KRENAK, A.; CRUZ, F. S. M.; RAMOS, E. U.; JESUS, G. dos S. de. Existência e diferença: o racismo contra os povos indígenas. Rev. Direito Práx. Rio de Janeiro, Vol. 10, n. 03, p. 2161-2181, 2019.

PIZA, E. Porta de vidro: entrada para a branquitude. In: CARONE, I.; BENTO, M. A. S. (Org.). Psicologia Social do Racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. 6. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. p. 59-90.

PIZA, E.; ROSEMBERG, F. Cor nos censos brasileiros. In: CARONE, I.; BENTO, M. A. S. (Org.). Psicologia Social do Racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil. 6. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. p. 91-120.

SANTOS, J. R. dos. Culturas negras, civilização brasileira. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Rio de Janeiro, IPHAN/MinC, 1997.

SCHUCMAN, L. V. Entre o “branco”, o “encardido” e o “branquíssimo”: raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana. 2012. 160 f. Tese (Doutorado em Psicologia Social ) - Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

SILVÉRIO, V. R. Ação afirmativa e o combate ao racismo institucional no Brasil. Cad. Pesquisa,

n. 117, p. 219-46, 2002.

SILVÉRIO, V. R. Quem negro foi e quem negro é? Anotações para uma sociologia política transnacional negra. In: BERNARDINO-COSTA, J.; MALDONADO-TORRES, N.; GROSFOGUEL, R. (Org.) Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica, 2018. p. 269-284.

SILVÉRIO, V. R.; TRINIDAD, C. T. Há algo novo a se dizer sobre as relações raciais no Brasil contemporâneo? Edu. Soc., Campinas, v. 33, n. 120, p. 891-914, 2012.

SILVA, N. do V.; HASEMBALG, C. A. Relações Raciais no Brasil Contemporâneo. Rio de Janeiro: Rio Fundo, 1992.

QUIJANO, A. Colonialidade do poder, Eurocentrismo e América Latina: perspectivas latino- americanas. Clacso, Buenos Aires, 2005. Disponível em: <http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/clacso/sur-sur/20100624103322/12_Quijano.pdf>. Acesso em: 12 de Jan. 2020.

Published

2021-07-28

How to Cite

Arruda, M. A. A. (2021). Relações raciais: por um pensar crítico sobre a branquitude. Raído, 15(37), 237–254. https://doi.org/10.30612/raido.v15i37.14392

Issue

Section

Relações étnico-raciais, branquitude e os efeitos de sentido