A escrita e a humanização do sujeito negro: afrocentricidade em la diosa y la noche: La novela de Rosa Luna, de Jorge Chagas
DOI:
https://doi.org/10.30612/raido.v15i37.13642Keywords:
Literatura uruguaia. La diosa y la noche. Afrocentricidade. Jorge Chagas.Abstract
Neste trabalho, investigamos a obra La diosa y la noche: la novela de Rosa Luna, do escritor afro-uruguaio Jorge Chagas enquanto expressão de uma narrativa afro-centrada e afro-realista. Rosa Luna foi uma das maiores dançarinas de Candambe no Uruguai. Sua fama perpassa a infância pobre no Conventillo Mediomundo – espaço histórico de unidade negra em Montevidéu, até a fama em níveis internacionais. Durante a narrativa, identificamos a valorização da cultura afro-uruguaia, o que, em aspectos teóricos, pode ser associado à expressão do paradigma afrocêntrico por meio da literatura. A afrocentricidade, conforme Nascimento (2009), é um instrumento de promoção da descoberta/valorização da identidade negra. O resgate das raízes ancestrais é atitude que contrapõe o embranquecimento historicamente imposto sobre os sujeitos negros. Para Mazama (2009), posicionar-se de modo afrocêntrico, isto é, tendo a África como modelo de referência, é enfrentar a supremacia branca e suas formas de violência. Por outro lado, o destaque às culturas negras da diáspora na literatura latino-americana, para Duncan (2005), acaba por criar um novo movimento estético-literário, o Afro-realismo. Para o autor, a temática e a expressão de uma voz negra no campo literário significa o reencontro com a ancestralidade e a valorização da memória negra. Por conseguinte, o escritor Jorge Chagas, ao representar as vivências de Rosa Luna, realiza o resgate da presença negra no Uruguai - país onde a história dos escravizados africanos possui uma posição de esquecimento e subalternidade. Portanto, quando representa Rosa Luna sem estereótipos e permite a revisão dos fatos marcantes de sua trajetória, geralmente distorcidos e desclassificados com base em sua descendência negra, o escritor está realizando a prática de uma literatura afro-centrada e humanista.
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