“Eu pertenço a um grupo de seres malditos” das revoluções documentais e da revelação de Santiago
DOI:
https://doi.org/10.30612/raido.v16i41.15951Palavras-chave:
João Moreira Salles, Jean Rouch, Documentário participativo, Documentário brasileiroResumo
O artigo a seguir pretende evocar o método do documentário participativo proposto pelo antropólogo Jean Rouch e investigar a influência da escola participativa em Santiago (2006), obra de João Moreira Salles. Também busca compreender de que forma a adoção da metodologia participativa foi essencial para que o diretor conseguisse montar seu filme depois de tantos anos de bloqueio criativo. Ainda que tenha dedicado várias diárias em 1992 gravando com Santiago, o antigo empregado da mansão dos Moreira Salles e protagonista do filme, é apenas em 2004 que o diretor chega à conclusão de que ele precisaria se colocar também como personagem, contar de que maneira sua história como um homem abastado se relaciona com a do mordomo. Salles, então, decide se expor em primeira pessoa no documentário, admitindo seus erros e acertos durante as gravações. Mesmo que a produção do documentário tenha feito de Santiago um personagem incontornável na cinematografia brasileira, o que se pretende perscrutar nesse artigo são os ganhos do filme em revelar o jogo de cena e, ao fazer isso, colocar em debate as implicações éticas e políticas do cineasta com sua câmera, as relações hierárquicas estabelecidas entre documentarista e documentado.
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