Relações raciais: por um pensar crítico sobre a branquitude
DOI:
https://doi.org/10.30612/raido.v15i37.14392Palavras-chave:
Antirracismo, relações étnico-raciais, branquitude, educação, ensino.Resumo
O racismo e a discriminação racial são constitutivos da formação social brasileira. Nesse contexto, este artigo propõe uma discussão crítica sobre a branquitude, que se refere à forma como os sujeitos brancos se apropriam da categoria raça e do racismo na constituição de suas subjetividades e, ao se apropriarem, acreditam que “ser branco” determina características morais, intelectuais e estéticas dos indivíduos e que os distinguem dos “outros” racializados. Para isso, foram priorizados estudos críticos sobre a branquitude cuja lógica é fazer um deslocamento de estudo dos “outros” racializados para o ponto central da construção da ideia de raça, ou seja, para os brancos. Na direção de uma educação antirracista propõe-se uma pedagogia crítica da branquitude no sentido de problematizá-la enquanto modelo universal de humanidade, por meio de uma prática dialógica em que os sujeitos e grupos sociais (re)construam a branquitude como uma representação não fixa e guiada por referenciais que se associam com lutas, relações e práticas democráticas e comprometidas com a humanização autêntica dos sujeitos.
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