Translinguagem e pandemia: discutindo processos de construção de sentido

Autores

  • Maria Inez Probst Lucena UFSC
  • Cláudia Hilsdorf Rocha UNICAMP - IEL
  • Ruberval Franco Maciel UEMS - PPGLetras

DOI:

https://doi.org/10.30612/raido.v15i37.13962

Palavras-chave:

Covid-19, Translinguagem, Construção de sentidos.

Resumo

Neste artigo, exploramos modos nos quais a linguagem aparece na crise sanitária mundial do corona vírus, a partir de excertos extraídos da rede. Em meio à aflição e desespero frente à inesperada e letal situação da covid-19, analisamos práticas linguísticas que visam ao acesso à informação sobre saúde pública em relação à pandemia. Com base em teorizações sobre translinguagem, mobilidade e desterritorialização/reterritorialização, consideramos as recombinações e usos linguísticos que surgiram em meio ao caos e que exibem, assim, uma natureza marcadamente heteroglóssica. Nesse contexto, propomos uma reflexão acerca de como o multilinguismo e a diversidade aparecem no processo de produção de sentidos no momento de crise atual, priorizando a relação entre a linguagem e a saúde. Procuramos contribuir para os estudos da linguagem, refletindo sobre o movimento e fluxo de informações na situação emergencial global, em que fronteiras linguísticas, discursivas, culturais e políticas vão sendo ora impostas, ora derrubadas.

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Biografia do Autor

Maria Inez Probst Lucena, UFSC

Possui graduação em Letras Licenciatura Inglês Português pela Universidade Federal de Santa Catarina (1987), mestrado em Letras (Inglês e Literatura Correspondente) pela Universidade Federal de Santa Catarina (1998) e doutorado em Letras na área de Estudos da linguagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2006). Foi professora efetiva- E4 do Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Santa Catarina e atua como membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Linguística da UFSC desde 2010. Tem experiência na área de Lingüística Aplicada e Estudos da linguagem, tendo atuado principalmente com os seguintes temas: ensino e aprendizagem de línguas, multilinguismo, políticas linguísticas e formação de professores. Desenvolve estudos etnográficos com base na linguistica Aplicada, destacando aspectos socioculturais, políticos e ideológicos presentes no ensino e aprendizagem de línguas. Busca discutir as práticas de linguagem especialmente no espaço da escola pública. Foi coordenadora pedagógica do curso de doutorado interinstitucional entre a UFSC e os Institutos Federais de Santa Catarina.

Cláudia Hilsdorf Rocha, UNICAMP - IEL

Graduada em Letras pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1987), com mestrado (2006) e doutorado (2010) em Linguística Aplicada pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Fez estudos pós-doutorais pelo Departamento de Letras Modernas da USP, com estágio como professora visitante no Centro de Globalização e Estudos Culturais da Universidade de Manitoba (Canadá). Foi professora visitante no Instituto de Educação da Universidade de Londres (Institute of Education/University College London) entre março e julho de 2018. Atualmente é professora do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada (PPG-LA) do Instituto de Estudos da Linguagem/UNICAMP. Assumiu a coordenação do PPG-LA entre 2015 e 2017. Tem experiência docente no Ensino Fundamental, Médio e Superior. Atuou como professora de língua inglesa no curso de Letras da PUCCAMP em 2009 e no Centro de Ensino de Línguas da UNICAMP entre 2010 e 2013. Foi Coordenadora da Secretaria de Extensão do referido Centro no biênio 2010-2012. Foi secretária da Associação Brasileira de Linguística Aplicada (2011-2013). Seus interesses de pesquisa envolvem ensino de inglês e português como línguas estrangeiras em sua interface com as tecnologias, formação de professores; ambientes digitais e material didático, sob a perspectiva dos gêneros discursivos, da translinguagem e dos letramentos. Coordena o Grupo de Pesquisa E-Lang (UNICAMP/CNPq) juntamente com a Profª Drª Denise Bertoli Braga (UNICAMP) e integra o Projeto Nacional de Letramentos (USP/CNPq)

Ruberval Franco Maciel, UEMS - PPGLetras

Pós-doutor pela City University of New York, Estados Unidos. Doutor em Estudos Linguísticos e Literários de Inglês pela Universidade de São Paulo (USP), com doutorado sanduíche no Centre for Globalization and Cultural Studies - Univeristy of Manitoba - Canadá; Mestre em Linguística Aplicada pela University of Reading - Inglaterra; graduado em Letras (Português/Inglês) e bacharel em Tradutor/Intérprete pela UNIDERP. Atualmente é professor da graduação e Pós-graduação em Letras e Assessor de Relações Internacionais e Mobilidade Acadêmica da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) e pesquisador externo associado do Centro de Globalização e Estudos Culturais da University of Manitoba no Canadá. Foi Presidente da ALAB (Associação de Linguística Aplicada do Brasil- Biênio 2014-2015). Foi Presidente fundador da Associação dos Professores de Língua Inglesa do Estado de Mato Grosso do Sul (APLIEMS). Foi avaliador quatro vezes do Plano Nacional do Livro Didático - PNLD (MEC) Língua Inglesa. Co-autor do Caderno para a área de Linguagens do Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio (MEC). Coordena o convênio interinstitucional UEMS/Glendon College-York University - Toronto-Canadá. Tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Linguística Aplicada, atuando principalmente nos seguintes temas: Linguística Aplicada, políticas públicas para o ensino de Línguas, translinguísmo, novos letramentos, multiletramentos, letramento crítico, formação de professores e políticas de internacionalização.

Linguística Aplicada

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Publicado

28.07.2021

Como Citar

Lucena, M. I. P., Rocha, C. H., & Maciel, R. F. (2021). Translinguagem e pandemia: discutindo processos de construção de sentido. Raído, 15(37), 351–365. https://doi.org/10.30612/raido.v15i37.13962

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