Corpora política: a potência criativa e contestativa da escrita de Ana Cristina Cesar e Angélica Freitas
DOI:
https://doi.org/10.30612/raido.v14i35.11865Palavras-chave:
Literatura brasileira. Mulheres na literatura. Poesia. Literatura e gênero.Resumo
O silenciamento de vozes femininas na literatura revela certa dificuldade de reconhecer a possibilidade de que a mulher tensione e pense em temas para além do cenário doméstico. Neste sentido, o presente artigo propõe um diálogo entre duas poetisas, Ana Cristina Cesar (na coletânea Poética, de 2013) e Angélica Freitas (em Útero é do tamanho de um punho, de 2017), vislumbrando na poética de ambas a inserção de temários que dialoguem com um lado político de ser mulher e a inclusão do olhar feminino como discurso capaz de perscrutar posicionamentos contrários às imposições sociais sobre o papel da mulher na sociedade. Alicerçando-nos precipuamente pelos estudos de poesia (HOLLANDA, 2001a; 2001b), a crítica feminista (DUARTE, 2019; SCHMIDT (2019), os estudos de gênero (BUTLER, 2019) e, acima de tudo, o diálogo entre poemas de ambas as escritoras, desejamos demonstrar a potencialidade de uma dicção poética oriunda do feminino.
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