A participação quilombola na política de cotas
uma análise sob a perspectiva da democratização do ingresso na educação superior
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v14iesp.1.19691Palavras-chave:
Política educacional, Reserva de vagas, Trajetória escolar, AcessoResumo
O artigo aborda o ingresso de estudantes quilombolas nas universidades públicas brasileiras, seja por meio da Política de cotas ou por uma reserva de vagas específica adotada por algumas instituições. Evidenciamos a implementação de cotas específicas para este grupo social e historicamente excluído, como parte das ações afirmativas na educação superior. Problematizamos a democratização deste nível de educação sob o prisma da sociologia da educação de Bourdieu, considerando aspectos legais, históricos e sociais que marcam a trajetória escolar destes estudantes antes e depois do ingresso na graduação. Trata-se de um extrato de pesquisa na qual adotamos a pesquisa bibliográfica e documental, do tipo explicativa, cuja análise é qualitativa. Os resultados indicam que os estudantes quilombolas constituem um grupo que luta por seus direitos, entre estes o acesso à educação e às especificidades destes estudantes, oriundos da educação do campo que ainda não são considerados na Política de Cotas. Concluímos que a resistência e a luta cotidiana se fortalecem com o acesso de todos à educação superior, principalmente com o ingresso de grupos que até recentemente estavam à margem das universidades e que, mediante a Política de Cotas ampliam suas possibilidades e projetos de futuro por meio da diplomação.
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