O corpo cadavérico em “O Noivado do Sepulchro”, de Soares de Passos, e “Uma Carniça” de Charles Baudelaire
DOI:
https://doi.org/10.30612/arredia.v8i14.19189Palavras-chave:
Ultrarromantismo; Soares de Passos; Charles BaudelaireResumo
O romantismo é considerado o primeiro movimento literário da modernidade, na medida em que promove ruptura com padrões formais e temáticos legados da tradição clássica greco-latina. Contudo, entre as diferentes gerações românticas, a segunda foi a mais disruptiva, porque levou o pendor melancólico próprio desse movimento ao paroxismo da erotização da morte. Uma vez que Soares de Passos e Charles Baudelaire figuram como os principais expoentes dessa vertente romântica em Portugal e França, este artigo examina, comparativamente, os respectivos poemas “O Noivado do Sepulcro” e “Uma Carniça”, com vistas a cotejar como o corpo cadavérico é representado em ambos os textos. Por meio do comparatismo literário, observamos que, em Soares de Passos, a necrofilia é matizada pela estetização da morte como condição para a eternidade, tal que o belo se sobrepõe ao grotesco. Já em Baudelaire, a ênfase recai sobre o grotesco, uma vez que o cadáver em decomposição é exposto com crueza para sublinhar a finitude humana.
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