Negro, criança, cabelo de mola: aqui você não entra!(?)
DOI:
https://doi.org/10.30612/raido.v15i37.14641Palabras clave:
Branquitude, Racialidade, Racismo, Barganha, Infância.Resumen
Refletir sobre as relações étnico-racias, considerando as implicações históricas e políticas entre negros e de brancos na construção de uma ideologia racial que persiste, é tarefa necessária, uma vez que os contextos de racismo são protagonizados e sofridos diariamente no Brasil desde à infância. O presente artigo se propõe, sob esta lente, a analisar uma obra da literatura infantil discutindo, a partir do seu mote principal - a saber: a exclusão de uma criança negra por crianças brancas, baseada tão somente em cor de pele - as práticas discursivas elaboradas, analisando-as à luz dos debates sobre branquitude. A partir de discursividades retiradas do livro em tela, elegemos duas categorias de discussão: 1) “Todos olharam feio e desprezaram Eduardo por ele ser negro”, em que se refletem efeitos da branquitude desde a infância, na construção de sujeitos sociais e 2) “Tentou novamente se aproximar, dessa vez com bolinhas de gude”, tópico em que se discutem o sujeito negro e os movimentos de barganha que se impõem para adentrar no universo branco. Por fim, evidenciamos que a literatura analisada contribui mais para o reforço do privilégio branco, do que favorece um discurso na trilha da desconstrução de desigualdades raciais.
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