Variação linguística, ensino de língua portuguesa e formação docente
DOI:
https://doi.org/10.30612/raido.v18i46.16877Palavras-chave:
Ensino de Língua Portuguesa; , Formação docente;, Manual pedagógico; , Relatório de estágio;, Variação linguísticaResumo
Este ensaio apresenta alguns elementos de qualificação do estatuto da variação linguística como objeto de ensino em dois modelos pedagógicos (modelo clássico e modelo interacionista) gerados no percurso histórico de formação do ensino de língua portuguesa, na escola brasileira. Para tanto, recorre à descrição e análise de uma dupla base documental: no caso do modelo clássico, um manual pedagógico voltado à formação da professora de Português, intitulado Didática Especial de Português, de autoria de Leodegário Amarante de Azevedo Filho, publicado em 1958, no Brasil. No caso do modelo interacionista, um relatório de estágio em que se descrevem
se descrevem práticas de ensino de língua portuguesa, escrito por estudante de curso de licenciatura em Letras após realização de estágio em escola da rede pública de ensino da cidade de São Paulo (Brasil). Essa operação teórica e metodológica subsidia a discussão de alguns desafios que a abordagem da variação linguística coloca para as práticas de ensino e para a formação docente.
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