“Professora, você fala/ensina o inglês americano ou britânico?”: desestabilizando visões essencialistas sobre a “língua inglesa” através da elaboração e análise de atividades didáticas sob uma perspectiva glocal
DOI:
https://doi.org/10.30612/raido.v14i36.11808Palavras-chave:
Ideologias linguísticas. Falante nativo. Ensino de inglês. Material didático.Resumo
Vivemos em tempos de muitas mudanças e hibridizações de vários tipos: culturais, sociais, linguístico-discursivas, etc., no qual o global e o local estão imbricados inextricavelmente. Nesse contexto, é preciso que repensemos alguns conceitos modernistas com os quais ainda operamos, como é o caso de epistemes e teorizações sobre língua(gem) e, consequentemente, sobre “falante nativo”. Para tanto, Kumaravadivelu (2012) sugere que se promova uma quebra epistêmica da dependência dos sistemas de conhecimento dos países do Círculo Interno de Kachru. Em outras palavras, é necessário desconstruir a ideia do falante nativo como o padrão a ser atingido pelos estudantes de línguas, repensando métodos, abordagens e materiais didáticos que se ligam a essa episteme. Pensando nessas questões, o presente estudo visa a refletir sobre a elaboração e análise de atividades didáticas elaboradas para educandos do 8º ano. Essas atividades foram pensadas e analisadas a partir, principalmente, dos macrocritérios para a análise de livros didáticos cunhados por Tilio (2016). Os procedimentos de elaboração e análise apontam para a possibilidade de se elaborar materiais de inglês que valorizem as performances linguísticas dos educandos e os conscientize do seu papel ativo e transformador dessa língua.
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