Decolonialidade na formação em línguas adicionais: dos desafios na ‘encruzilhada’ ao caminho outro de um ‘mosaico’ para uma Linguística Aplicada rizomática
DOI:
https://doi.org/10.30612/raido.v14i36.11639Palavras-chave:
Linguística Aplicada. Ensino e aprendizagem. Línguas adicionais. Decolonialidade.Resumo
O presente artigo tem como objetivo discutir a formação docente e também as práticas docentes em línguas adicionais à luz dos estudos decoloniais (MIGNOLO, 2003; WALSH, 2003; SOUSA SANTOS, 2018) no contexto brasileiro. Essa perspectiva faz-se relevante uma vez que coloca em xeque visões homogêneas de sujeito, de língua e de sociedade, provocando, dessa forma, uma revisão e ressignificação de conceitos inerentes às práticas docentes e de pesquisa. Ao entender como determinado campo de poder (BOURDIEU, 2002) acaba definindo padrões e ecoando narrativas hipertrofiadas, passa a ser possível vislumbrar caminhos distintos, paradigmas outros (MIGNOLO, 2003) capazes de pensar as práticas de ensino e aprendizagem. Nossa reflexão ainda aponta como ponto de partida as metáforas da encruzilhada (CELANI, 1998) e do mosaico (CÉSAR & CAVALCANTI, 2007; KLEIMAN & CAVALCANTI, 2007), presentes nas discussões da Linguística Aplicada inter-trans-indisciplinar, crítica e transgressiva (PENNYCOOK, 2001, 2006), a fim de estabelecer um diálogo crítico/produtivo/questionador. Por último, serão evidenciadas as perspectivas dos autores como vozes de “coletividade” (SOUSA SANTOS, 2018), e será preconizada a perspectiva de uma Linguística Aplicada rizomática.
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