O realismo tenso em Aquarius: aspectos utópicos e políticos na narrativa e na imagem fílmica

Autores

  • Volmir Cardoso Pereira UEMS

DOI:

https://doi.org/10.30612/raido.v11i28.6327

Palavras-chave:

Crítica materialista. Aquarius. Realismo tenso.

Resumo

Este ensaio elabora uma crítica sobre o filme Aquarius, dirigido por Kleber Mendonça Filho e lançado em 2016, destacando aspectos de conteúdo e forma que estabelecem, segundo nossa hipótese, características do que aqui vamos chamar de realismo tenso. Tal conceito visa compreender a poética do filme como uma construção narrativa que se aproxima do realismo formal, cujas fontes remontam ao romance literário do século XIX. Ao observar a influência da literatura realista sobre a linguagem do cinema, convém ressaltar que Aquarius apresenta traços do Neorrealismo Italiano e do Cinema Novo, ao mesmo tempo em que se apropria criticamente de estratégias contemporâneas do thriller de suspense na ação dramática e no encadeamento cênico. Por fim, observando a tensão que se estabelece no plano de conteúdo, podemos notar que ela também se expande para o plano de expressão, provocando uma quebra de expectativas que visa problematizar os estereótipos imagéticos e narrativos que povoam o imaginário do espectador contemporâneo. Assim, observando a narrativa fílmica, pretendemos mostrar como ela apresenta aspectos políticos e utópicos inscritos em forma e conteúdo, ao discutir o tema da reificação social no cenário brasileiro atual.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Volmir Cardoso Pereira, UEMS

Professor efetivo do curso de Letras da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS - Campo Grande)

Referências

ADORNO, Theodor W. “Posição do narrador no romance contemporâneo”. In: Notas de literatura I. Trad. Jorge M. B. de Almeida. São Paulo: Duas Cidades; Editora 34, 2003. (p. 55-64)

BAZIN, André. “O realismo cinematográfico e a escola italiana da liberação”. In: O Cinema: Ensaios. Trad. Eloisa de Araújo Ribeiro. São Paulo: Editora Braziliense, 1991. (p. 233-257)

BORDWELL, David. “O cinema clássico hollywoodiano: normas e princípios narrativos”. In: RAMOS, F. P. (Org.). Teoria contemporânea de cinema: documentário e narratividade ficcional. São Paulo: Senac, 2005. (p. 277-301)

CAMPOS, Flávio de. Roteiro de cinema e televisão: a arte e a técnica de imaginar, perceber e narrar uma história. Rio de Janiero: Jorge Zahar, 2007.

DEBORD, Guy. A sociedade do espetáculo e Comentários sobre a sociedade do espetáculo. Trad. Estela dos Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.

EISENSTEIN, Sergei. “Dickens, Griffith e nós”. In: ______. A forma do filme. Trad. Teresa Otonni. Rio de. Janeiro: Jorge Zahar, 2002, p. 176-224

FREYRE, Gilberto. Sobrados e mocambos. 16. ed. São Paulo: Global, 2006.

GOLDMANN, Lucien. “A reificação”. In: ______. Dialética e cultura. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979, pp. 105-152

JAMESON, Fredric. “Transformações da imagem na pós-modernidade”. In: _________. Espaço e Imagem: teorias do pós-moderno e outros ensaios de Fredric Jameson. Org. e Trad. Ana Lúcia Almeida Gazolla. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1994. (p. 115-144)

LUKÁCS, Georg. A teoria do romance: um ensaio histórico-filosófico sobre as formas da grande épica. Trad. José Marcos Mariani. São Paulo: Editora 34; Livraria Duas Cidades, 2000.

______. História e Consciência de Classe: estudos sobre a dialética marxista. Trad. Rodinei Nascimento. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

NAGIB, Lucia. A utopia no cinema brasileiro: matrizes, nostalgia, distopias. São Paulo: Cosac Naify, 2006.

ORICCHIO, Luiz Zanin. Cinema de Novo: um balanço crítico da Retomada. São Paulo: Editora Estação Liberdade, 2003.

PELLEGRINI, Tânia. “Realismo: a persistência de um mundo hostil”. In: Revista Brasileira de Literatura Comparada, n. 14, 2009.

ROCHA, Glauber. “Eztetyka da Fome”. In: Revolução do cinema novo. Rio de Janeiro: lhambra, 1981. (p. 28-32)

STAIGER, Emil. Conceitos fundamentais da poética. Trad. Celeste Aída Galeão. 3 ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997.

XAVIER, Ismail. “Do texto ao filme: a trama, a cena e a construção do olhar no cinema”. In: PELLEGRINI, Tânia (et al). Literatura, cinema e televisão. São Paulo: SENAC, 2003 (p. 61-89)

Downloads

Publicado

21.12.2017

Como Citar

Pereira, V. C. (2017). O realismo tenso em Aquarius: aspectos utópicos e políticos na narrativa e na imagem fílmica. Raído, 11(28), 196–213. https://doi.org/10.30612/raido.v11i28.6327

Edição

Seção

PARTE III - ENTRE A LINHA E A SUPERFÍCIE: LITERATURA E IMAGEM TÉCNICA

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)