Do estresse hídrico à mercantilização das águas: análise dos processos de privatização das águas e de suas implicações no cenário brasileiro

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.30612/videre.v15i33.16861

Palabras clave:

mercantilização da água, impactos socioambientais, serviços de abastecimento de água

Resumen

Refletir sobre os processos de apropriação e exploração de bens ambientais é tarefa urgente. No caso das águas, um reinventado movimento de pressão econômica, social e ambiental está em marcha, seja em razão da intensificação de seus múltiplos usos, seja pela degradação e poluição ambiental, no contexto de uma crise hídrica. Este trabalho emprega o método dedutivo e as técnicas de pesquisa bibliográfica e documental com o objetivo de analisar o cenário de estresse hídrico brasileiro e os mecanismos de governança e gestão hídricas, especialmente no que concerne à privatização dos serviços de abastecimento de água no Brasil, a partir do chamado “novo marco de saneamento básico”, consistente na Lei nº 14.026/2020. A crise hídrica e o discurso da escassez funcionam, pela racionalidade neoliberal, como justificativa para a criação de mecanismos de gestão hídrica e de políticas de saneamento básico que, em tese, buscam garantir o acesso quantitativo e qualitativo de águas a toda a coletividade colocando sua exploração e gerenciamento nas mãos de empresas privadas. No entanto, o que se verifica é que estas estratégias são ineficazes para viabilizar o acesso universal à água e, ao contrário, aparecem como uma face da mercantilização capitalista de bens ambientais, contribuindo com o aumento da desigualdade e com o agravamento dos processos de degradação ambiental.

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Biografía del autor/a

Daniele de Oliveira Lazzeres, Pontifícia Universidade Católica do Paraná

Mestre em Direito da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.

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Publicado

2023-12-15

Cómo citar

Lazzeres, D. de O., & de Oliveira Sales, J. (2023). Do estresse hídrico à mercantilização das águas: análise dos processos de privatização das águas e de suas implicações no cenário brasileiro. Revista Videre, 15(33), 305–330. https://doi.org/10.30612/videre.v15i33.16861

Número

Sección

Artículos