A base material do controle de convencionalidade praticado pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul: uma análise marxista

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30612/videre.v15i33.17175

Palavras-chave:

Marxismo, Direto nternacional, diretos humanos, controle de convencionalidade, pesquisa jurisprudencial

Resumo

A pesquisa pretende analisar as bases materiais do controle de convencionalidade no ordenamento jurídico brasileiro. A fim de atingir esse objetivo, lançar-se-á mão de levantamento jurisprudencial no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, abordando casos de aplicação da Convenção Americana de Direitos Humanos em processos criminais. Como marco teórico, utilizar-se-á o materialismo histórico dialético marxista por se considerar a ferramenta metodológica mais apta a compreender a realidade social capitalista. Os dados jurisprudenciais encontrados sugerem que a concepção de controle de convencionalidade da doutrina não encontra fundamento na realidade brasileira, caracterizando-se, acima de tudo, por uma idealização desse instituto, pautado em um dever-ser normativo. O controle de convencionalidade é mais um controle de constitucionalidade com traços de convencionalidade, pautado pelo ideal de soberania. A base material do controle de convencionalidade é a Constituição Federal e uma concepção particular de soberania, baseada na Teoria da Margem de Apreciação Nacional.

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Biografia do Autor

Marcirio Gessinger, UFRGS

Mestrando em Direito pela Faculdade de Direito da UFRGS, orietando da Professora Doutora Martha Lucia Olivar Jimenez

Martha Lucia Olivar Jimenez, UFRGS

Doutora em Direito Internacional e professora titular da Faculdade de Direito da UFRGS

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Publicado

2023-12-15

Como Citar

Gessinger, M., & Lucia Olivar Jimenez, M. (2023). A base material do controle de convencionalidade praticado pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul: uma análise marxista. Revista Videre, 15(33), 247–266. https://doi.org/10.30612/videre.v15i33.17175

Edição

Seção

Artigos