O delírio das máquinas: a produção de imagens em O processo

Autores

  • Thiago Ranniery Moreira de Oliveira Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Baruc Carvalho Martins Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.30612/raido.v11i28.6323

Palavras-chave:

Kafka. Literatura. Imagem. Máquina.

Resumo

Compor um protocolo de experiência ao invés de uma experimentação interpretante ou significante; agarrar o mundo ao invés de extrair-lhe impressões. A literatura de Franz Kafka, como nos lembra Deleuze e Guattari (2003), é uma máquina de expressão que opera em diversos graus, tanto por expressões e conteúdos formalizados quanto por expressões não formalizadas e conteúdos puros. Essa máquina, assim, excederia a representação para atingir também o caráter genético da linguagem, ao mesmo tempo constituindo imagens e promovendo novas fraturas na distância mesma que as produz. Com este artigo, propomo-nos a analisar, a partir da trilha aberta por Deleuze e Guattari, a produção de imagens no romance O Processo (2008), argumentando, em articulação com a taxonomia das imagens do cinema feita por Deleuze, que o anti-estetismo de Kafka atua diretamente para conectar palavra e imagem com o objetivo de seguir uma vontade de escrita que constitui a própria potência da palavra.

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Biografia do Autor

Thiago Ranniery Moreira de Oliveira, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Professor do Programa de Pós-graduação em Educaçãoe do Departamento de Didática da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Baruc Carvalho Martins, Universidade Federal Fluminense

Mestrando em Literatura Brasileira e Teoria da Literatura pelo programa de Pós-Graduação em Estudos da Literatura da Universidade Federal Fluminense

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Publicado

21.12.2017

Como Citar

Oliveira, T. R. M. de, & Martins, B. C. (2017). O delírio das máquinas: a produção de imagens em O processo. Raído, 11(28), 108–119. https://doi.org/10.30612/raido.v11i28.6323

Edição

Seção

PARTE II - PALAVRA E IMAGEM NO TEXTO LITERÁRIO