As configurações do sujeito lírico e do sujeito histórico na poesia brasileira contemporânea: a voz poética como ferramenta de reaproximação de vozes e narrativas silenciadas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30612/raido.v15i38.14862

Palavras-chave:

poesia brasileira contemporânea, vozes emergentes, sujeito lírico, sujeito histórico.

Resumo

O presente artigo visa discutir a ficcionalização da voz poética e o endereçamento lírico em monólogos dramáticos como uma possibilidade de expressão de vozes emergentes, historicamente silenciadas e violentadas. Dois poemas são discutidos: Vozes mulheres (2008), de Conceição Evaristo, e Da humanidade levada pelas águas (2015), de Graça Graúna. O eu poético é investigado nessas duas produções artísticas como mecanismo de expressão não apenas de uma subjetividade, mas igualmente como manifestação de uma coletividade que traz marcas do seu tempo histórico (ADORNO, 2003), que reúne lutas, afetos, dores, encontros e desencontros com os quais ela precisa lidar cotidianamente. Busca-se apontar características da complexa relação entre a voz do eu poético, sua individualidade, e as vozes múltiplas que se interpenetram àquela. Nesse sentido, adota-se uma noção mais ampla de monólogo dramático, defendida por Alan Sinfeld (1977), cuja concepção afirma ser um monólogo dramático todo poema no qual o falante seja alguém diferente do poeta, ou seja, sujeito lírico e sujeito histórico se distinguem.

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Biografia do Autor

Carlos Wender Sousa Silva, Universidade de Brasília

Mestre em Literatura e Práticas Sociais pelo Programa de Pós-graduação em Literatura da Universidade de Brasília

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Publicado

17.12.2021

Como Citar

Silva, C. W. S. (2021). As configurações do sujeito lírico e do sujeito histórico na poesia brasileira contemporânea: a voz poética como ferramenta de reaproximação de vozes e narrativas silenciadas. Raído, 15(38). https://doi.org/10.30612/raido.v15i38.14862

Edição

Seção

Poetas latino-americanas: vozes líricas femininas, interculturalidade e resistência