O autoexilado Childe Harold e o exílio forçado da poetisa: os limites do individualismo romântico na lírica de Narcisa Amália
DOI:
https://doi.org/10.30612/raido.v15i38.14767Palavras-chave:
Melancolia, Gênero, Narcisa Amália, Byron, Childe Harold.Resumo
Este artigo tenciona fazer uma leitura do poema “Invocação”, que pertence ao livro Nebulosas (1872), de autoria da poeta romântica brasileira Narcisa Amália, e de um poema sem assinatura publicado no periódico brasileiro O mundo da lua (1871), intitulado “A mulher”. Orienta a leitura dos poemas uma consideração acerca do tropo romântico da “melancolia”, a partir da hipótese segundo a qual a condição existencial de poeta mulher nos Oitocentos viabilizou a Narcisa Amália imprimir particularidades de gênero ao problema da melancolia, diferenciando-se da tradicional representação da melancolia do poeta na lírica romântica brasileira, que era tradicionalmente inspirada nos dramas interiores do self individualista do famoso herói byroniano Childe Harold. Esta hipótese está radicada numa outra mais abrangente que desenvolvemos ao longo do texto: que a poesia romântica de autoria feminina imprime modulações inovadoras à questão do “poeta melancólico”. Estas inovações e modulações estéticas nascem do embate histórico entre a liberdade do sujeito requerida pelo individualismo romântico e as formas de vida social que a mulher letrada do século XIX estava autorizada a viver, formas estas que obstruíam o exercício da liberdade defendido pelo indivíduo romântico.Downloads
Referências
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