Mourão e Camargo: uma análise discursiva do racismo no governo Bolsonaro
DOI:
https://doi.org/10.30612/raido.v15i37.13817Palavras-chave:
Sujeito, memória discursiva, Formação discursiva, Formação imaginária.Resumo
Este artigo movimenta um gesto de leitura, interpretação e análise sobre o discurso de Sérgio Camargo e de Hamilton Mourão acerca da morte de um cliente no Carrefour em Porto Alegre e o discurso do vice-presidente está disponível em 20/11/2020 em um vídeo dentre outras emissoras no site do g1globo, acessado em 21 de Novembro de 2020 em que afirmam não existir racismo no Brasil. Assim, utilizando os postulados teóricos e analíticos da Análise do Discurso de linha francesa delineada por Pêcheux na Europa e desenvolvida no Brasil por Orlandi e demais estudiosos este trabalho mobiliza as noções de sujeito, memória discursiva, formação discursiva, formação imaginária, denegação discursiva no discurso de Mourão e no discurso do Presidente da Fundação Palmares Sérgio Camargo que funcionam como unidades de sentido em relação à situação. Interessa analisar o racismo, a posição-sujeito ocupado por cada político que enuncia, afetado pelas formações imaginárias, inscrito em uma formação discursiva, que determina o que pode e deve ser dito e que regula sobre como devem se manifestar em público um dos chefes do poder executivo e o representante dos afro-brasileiros que deveriam ser importantes líderes emblemáticos do país e do povo.
Downloads
Referências
ALMEIDA, S. L. O que é racismo estrutural? Belo Horizonte, Letramento, 2018. Disponível em: . Acesso em: 20 nov. 2020.
ALTHUSSER, L. Ideologia e Aparelhos Ideológicos do Estado. São Paulo: Martins Fontes: Lisboa, 1985.
BERNARDINO, J. Ação afirmativa e a rediscussão do mito da democracia racial no Brasil. Revista Estudos Afro-asiáticos, ano 24, n.2, 2002, p.247-273. Disponível em: . Acesso em: 20 nov. 2020.
BRASIL DE FATO. Sete vezes em que o Carrefour atuou com descaso. Disponível em: <https://www.brasil defato.com.br/2020/11/20/sete-vezes-em-que-o-carrefour-atuou-com-descaso-e-violencia.> Acesso em: 22 nov. 2020.
BRASIL. CONSTITUIÇÃO 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 22 nov. 2020.
CAZARIN, E. A. Interlocução discursiva: a afirmação funcionando como negação. In: ERNST-PEREIRA, Araci; FUNCK, Susana B. A leitura e a escrita como prática discursiva. Pelotas: Educat, 2001, p.133-152.
EMAISGOIÁS. Supremo julga hoje denúncia de racismo contra Bolsonaro. Disponível em: https://www.emaisgoias.com.br/supremo-julga-hoje-denuncia-de-racismo-contra-bolsonaro/. Acesso em: 11 janeiro 2021.
FEDATTO, C. P. Sobre as possibilidades de negação da imagem e alguns desdobramentos teórico-analíticos. Revista ALED, v.15, n.2, p.27-37
FERREIRA, M. C. L. Análise do Discurso e suas interfaces. O lugar do sujeito na trama do discurso. ORGANON – Revista do Instituto de Letras da UFRGS. v.24, n.48, 2010. Disponível em: <https://seer.ufrgs.br/organon/article/view/28636/17316>. Acesso em: 20 nov. 2020.
G1 GLOBO. No Brasil, não existe racismo, diz Mourão sobre assassinato de homem negro em supermercado. Acesso em: <https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/11/20/ mourao-lamenta-assassinato-de-homem-negro-em-mercado-mas-diz-que-no-brasil-nao-existe-racismo.ghtml>. Acesso em: 20 nov. 2020.
GUIMARÃES, A. S. A. Racismo e anti-racismo no Brasil. Disponível em: . Acesso em: 22 dez de 2020.
INDURKY, F. Polêmica e denegação: dois funcionamentos discursivos da negação. Caderno de Estudos linguísticos, Campinas, v19, p.117-122, jul/dez, 1990. Disponível em: . Acesso em: 22 dez de 2020.
INDURSKY, F. A memória na cena do discurso. In: _______; MITTMANN, S.; FERREIRA, M. C. L. Memória e História na/da Análise do Discurso. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2011, p. 67-88.
Interpelação ideológica e tensão racial: efeitos de um grito. Modesto, Rogério. Littera Online, Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade Federal do Maranhão, v.9, n. 17, 2018, p.124-145. Disponível em: <http://www.periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/littera/article/ view/10378>. Acesso em: 22 dez de 2020.
ISTOÉ. Não existe racismo no Brasil”, diz Mourão após morte de negro em supermercado. Disponível em: <https://istoe.com.br/nao-existe-racismo-no-brasil-diz-mourao-sobre-assassinato-no-supermercado/>. Acesso em: 20 nov. 2020.
MBEMBE, A. Crítica da razão pura. Tradução Marta Lança. Lisboa, 2014. Disponível em: <https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4117908/mod_resource/content/1/MBEMBE %2C%20Achille.%20Cri%CC%81tica%20da%20raza%CC%83o%20negra.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2020.
NASCIMENTO, A. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1978. Disponível em: <https://afrocentricidade.files.wordpress.com/ 2016/04/o-genocidio-do-negro-brasileiro-processo-de-um-racismo-mascarado-abdias-do-nascimento.pdf>. Acesso em: 22 dez de 2020
NUNES, S. S. Racismo no Brasil: tentativas de disfarce de uma violência explícita. Revista Psicologia, USP, v.17, n.1, 2006, p.89-98.
NUNES, S. S. Racismo no Brasil: tentativas de disfarce de uma violência explícita. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/pusp/v17n1/v17n1a07.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2020.
OLIVEIRA, A. S.; CARVALHO, A. R. A desigualdade racial no Brasil: o racismo estrutural e o determinismo social. Revista Jurídica Direito, Sociedade e Justiça, v.5, n. 1, nov/dez, 2017. Disponível em: <https://periodicosonline.uems.br/index.php/RJDSJ/ article/view/2242>. Acesso em: 20 nov. 2020.
ORLANDI, E. P. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. Campinas: Pontes, 2013.
ORLANDI, E. P. Discurso e argumentação: um observatório do político. Fórum Linguístico, v.1, n.1, p.73-81, 1998. Disponível em:. Acesso em: 22 nov. 2020.
ORLANDI, E. P. Discursos e museus: Da memória e Do esquecimento. Revista entremeios, v.9, julho, 2014, p.1-8. Disponível em: <http://www.entremeios.inf. br/published/189.pdf>. Acesso em: 22 nov. 2020
ORLANDI, E. P. Discurso e leitura. 9. ed. São Paulo: Cortez, 2012b.
ORLANDI, E. P. Discurso e texto. Formulação e circulação dos sentidos. 4. ed. São Paulo: Pontes, 2012c.
ORLANDI, E. P. Discurso em análise. Sujeito, sentido, ideologia. 2. ed. Campinas: Pontes Editores, 2012a.
PÊCHEUX, M. Análise automática do discurso (AAD-69). In: GADET, Françoise; HAK, Tony (orgs). Por uma análise automática do discurso. Uma introdução à obra de Michel Pêcheux. 5. ed. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2014, p. 59-96.
PÊCHEUX, M. Discurso: estrutura ou acontecimento. 5. ed. Campinas: Pontes, 2008.
PÊCHEUX, M. Papel da memória. ACHARD, Pierre et al. (orgs.) Papel da memória. Nunes Campinas: Pontes, 1999.
PÊCHEUX, M. Semântica e discurso. 4. ed. Campinas: Editora da UNICAMP, 2009, p. 137-281.
PÊCHEUX, M.; FUCHS, C. A propósito da análise automática do discurso: atualização e perspectivas (1975). In: GADET, Françoise; HAK, Tony (orgs). Por uma análise automática do discurso. Uma introdução à obra de Michel Pêcheux. 5. ed. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2014, p.159-231.
POSSENTI, S. A linguagem politicamente correta e a Análise do Discurso. Revista de Estudos da Linguagem. Ano 4, v.2, jul/dez, 1995, p.125-142. Disponível em: <http://www.periodicos. letras.ufmg.br/index.php/relin/article/view/1016>. Acesso em: 20 nov. 2020.
SANTOS, R. L. M. “Você matou meu filho” e outros gritos: um estudo das formas de denúncia. (TESE) Doutorado. Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas. 2018. 244f.
Sérgio Camargo diz que homem morto no Carrefour “não representa os pretos honrados”. Disponível em: <https://jc.ne10.uol.com.br/brasil/2020/11/12001958-sergio-camargo-diz-que-homem-morto-em-supermercado---nao-representa-pretos-honrados.html>. Acesso em: 19 dez de 2020.
Sérgio Camargo diz que homem morto no Carrefour “não representa os pretos honrados”. Disponível em:<https://istoe.com.br/sergio-camargo-diz-que-homem-morto-no-carrefour-nao-representa-os-pretos-honrados/>. Acesso em: 22 dez de 2020.
Sérgio Camargo nega a existência de racismo estrutura: ‘não tem fundamenro’. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/11/20/sergio-camargo-diz-que-racismo-estrutural-nao-tem-sentido-nem-fundamento.htm>. Acesso em: 19 dez de 2020.
Sérgio Camargo nega existência do racismo estrutural: ‘não tem fundamento’. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2020/11/20/sergio-camargo-diz-que-racismo-estrutural-nao-tem-sentido-nem-fundamento.htm>. Acesso em 22 dez de 2020
SINPRO. Negros ocupam apenas um décimo das cadeiras no poder legislativo do Brasil. Disponível em: <https://www.sinprodf.org.br/negros-ocupam-apenas-um-decimo-das-cadeiras-no-poder-legislativo-do-brasil/>. Acesso em: 11 jan. 2021.
VEJA. A segregação, no Brasil, é social, racial e dissimulada. Disponível em: . Acesso em: 20 nov. 2020.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Os autores devem aceitar as normas de publicação ao submeterem a revista, bem como, concordam com os seguintes termos:
(a) O Conselho Editorial se reserva ao direito de efetuar, nos originais, alterações da Língua portuguesa para se manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores.
(b) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Brasil (CC BY-NC-SA 3.0 BR) que permite: Compartilhar — copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato e Adaptar — remixar, transformar, e criar a partir do material. A CC BY-NC-SA 3.0 BR considera os termos seguintes:
- Atribuição — Você deve dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você deve fazê-lo em qualquer circunstância razoável, mas de nenhuma maneira que sugira que o licenciante apoia você ou o seu uso.
- NãoComercial — Você não pode usar o material para fins comerciais.
- CompartilhaIgual — Se você remixar, transformar, ou criar a partir do material, tem de distribuir as suas contribuições sob a mesma licença que o original.
- Sem restrições adicionais — Você não pode aplicar termos jurídicos ou medidas de caráter tecnológico que restrinjam legalmente outros de fazerem algo que a licença permita.