O livro didático na educação infantil brasileira
uma “inovação” do PNLD 2022
DOI:
https://doi.org/10.30612/eduf.v14iesp.1.19682Palavras-chave:
PNLD da Educação Infantil, Livro didático, AlfabetizaçãoResumo
O tema do livro didático na Educação Infantil é motivo de inúmeras discussões por especialistas na área e no contexto pedagógico brasileiro, sendo 2022 a primeira vez que ocorre o Programa Nacional do Livro e Material Didático (PNLD) destinado às crianças desta etapa da Educação Básica. A partir desse contexto, surge o interesse por desenvolver um estudo acerca do livro didático da Educação Infantil, tendo como objetivo analisar quais discursos na área da alfabetização e do letramento estão presentes nestes livros didáticos. A base teórica que pauta este estudo é a dos Estudos Culturais e a abordagem metodológica adotada é a da pesquisa qualitativa do tipo documental. O documento selecionado é o livro Adoletá: volume II: Manual do Professor, para crianças de 5 anos. A análise dos resultados demonstrou que, ao se afastar dos princípios éticos, políticos e estéticos estabelecidos nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil e dos eixos interações e brincadeira, o livro didático desconsidera os direitos já conquistados no âmbito da Educação Infantil. As atividades propostas no material são baseadas na repetição e memorização, apresentam-se descontextualizadas da realidade e do interesse da criança, sendo que as especificidades da infância e seu período de desenvolvimento não são respeitadas. Analisando o material pode-se concluir que ele serve para consolidar o discurso presente na Política Nacional de Alfabetização, disseminando as ideias defendidas pela ciência cognitiva e pela instrução fônica. Neste contexto, os discursos presentes no livro passam a integrar as práticas docentes cotidianas nas pré-escolas, buscando a regulação da conduta desses sujeitos e da forma de desenvolver seu trabalho docente.
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