Uma palavra atravessada: sobre o equívoco dos corpos em Roça Barroca, de Josely Vianna Baptista
DOI:
https://doi.org/10.30612/raido.v15i38.14870Palavras-chave:
Letras. Artes. TransculturalidadeResumo
O texto propõe um percurso pelo livro Roça barroca (2011), de Josely Vianna Baptista, a partir de variações da ideia de atravessamento. Os diferentes caminhos abertos procuram esboçar tensões relativas ao ponto de vista do livro, isto é, explorar os modos como as relações são nele estabelecidas, já que a perspectiva não existe fora daquilo que a constitui e do qual ela se mantém. Perceber como as diferentes textualidades presentes em Roça Barroca – transcrição de cantos mbya Guarani e sua tradução; versos autorais; texto de caráter etnográfico; glossário; texto ensaístico etc. – estão em deslocamento nos levou a algumas problemáticas sobre tradução, pensada em diálogo com as imagens de alguns poemas. Por tratar-se de um livro com inflexões sobre diferenças cosmológicas – mundos distintos –, a própria ideia de literatura, enquanto instituição moderna, emerge como problema. Sem almejar resolver os conflitos, queremos propor Roça barroca como materialidade que sugere impasses e inquietações a propósito de um espaço dialógico aberto sobre o equívoco e a opacidade.
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