Paulo Lins: o negro que conseguiu romper os códigos, as tradições que asseguram o campo literário
DOI:
https://doi.org/10.30612/raido.v15i37.14628Palavras-chave:
Literatura, Perfil do escritor brasileiro, Negros.Resumo
Paulo Lins ao apresentar pautas da vida popular, a violência e a miséria nas grandes cidades brasileiras em sua obra literária Cidade de Deus, lançada em 1997, saiu do anonimato. Seu romance o colocou entre os melhores escritores brasileiros. Cidade de Deus é, certamente, uma obra incomum no universo da literatura brasileira, ganhou atenção de leitores e estudiosos, dividiu opiniões entre jornalistas, demais intelectuais e artistas tanto pela riqueza da abordagem da vida dos moradores, entre as décadas de 1960 e 1980, em meio ao desenvolvimento da violência, no Conjunto Habitacional Cidade de Deus, como por ter sido escrita por um negro, morador do universo representado, a favela. Desse modo, o objetivo aqui é apresentar a fortuna crítica de Cidade de Deus e refletir sobre a construção literária no Brasil, a fim de verificar quem são e onde devem estar os que almejam ter acesso ao campo literário. O interesse em identificar e analisar perfil do escritor brasileiro é porque observamos que as discussões levantadas contra o livro de Lins, parecem estar relacionadas à questão da origem e do status social do escritor. As análises desenvolvidas estão ancoradas nos estudos críticos de Assis Duarte (2014), Michel Foucault (2004), Pierre Bourdieu (2013), Regina Dalcastagnè (2017) e Gayatri Spivak (2010).
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