(Des)civilização e barbárie na guerra colonial em Moçambique: uma análise do personagem Luís Alex de A costa dos murmúrios de Lídia Jorge
DOI:
https://doi.org/10.30612/raido.v13i32.9532Palavras-chave:
A costa dos murmúrios. Devir. Literatura portuguesa. Lídia Jorge.Resumo
Estudo de caso é um método comumente empregado em pesquisas com objetos do mundo concreto, indivíduos ou pequenos grupos sociais. Este trabalho propõe tal emprego para análise de um sujeito do universo fi ccional: o personagem Luís Alex do romance A costa dos murmúrios (2004) da romancista portuguesa Lídia Jorge. Pretende-se compreender o processo que fez com que o estudante de matemática, noivo apaixonado pela protagonista e narradora Evita/Eva Lopo se transformasse a seus olhos num soldado capaz de degolar pessoas, fincar suas cabeças em paus exibindo-as como troféus durante a guerra colonial em Moçambique. Inicialmente o personagem será estudado sob a perspectiva de Aimé Cesaire de que a colonização em vez de cumprir sua missão civilizadora transformou o colonizador em bárbaro. Buscar-se-á, pelas mudanças ocorridas com o personagem no decorrer da narrativa, quais fatores contribuíram para tal inversão e em que momento da vida dele isso ocorreu. A hipótese levantada, sustentada pelo conceito de devir em Gilles Deleuze e Félix Guattari, é de que o personagem, como qualquer ser humano, guarda em si devires animal, fera, máquina de guerra, além de possibilidades identitárias que podem escapar ao domínio consciente e racional.
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