Bem viver e gênero: aproximações e reflexões decoloniais
DOI:
https://doi.org/10.30612/videre.v13i26.13063Resumo
RESUMO: A alternativa andina do Bem Viver indica alcançar a sustentabilidade pelo equilíbrio da dimensão intersubjetiva, sociocultural e socioambiental como episteme do bem-estar. No desenvolvimento, as estruturas de poder que marcam a desigualdade de gênero geram privações, subalternizações e impedem alcançar a sustentabilidade. O estudo investiga o Bem Viver como paradigma da sustentabilidade social em igualdade de gênero pela episteme do feminismo decolonial. Avaliar se a proposta do Bem Viver contempla as demandas da igualdade de gênero decolonial, como condição essencial à sustentabilidade, constitui o seu objetivo. Para alcançar o propósito, a escolha metodológica prioriza a pesquisa exploratória analítica, apoiada no raciocínio indutivo. As teorias do desenvolvimento como liberdade, da condição humana e do Bem Viver apresentam fundamentos homogêneos à sustentabilidade social pela igualdade de gênero. Entretanto, a proposta do Bem Viver fortalece as relações humanas interculturais em conexão com o meio ambiente e sintoniza a necessidade de promover a superação de um determinismo biológico binário que articula as subjetividades e as interseccionalidades ampliando as desigualdades. Como virada decolonial, o Bem Viver permite avançar na conquista da isonomia como direito humano e fundamental, um caminho alternativo possível à sustentabilidade social, por meio de políticas públicas interculturais com suficiência para desnaturalizar o binarismo que demarca o espaço de ser, atuar e viver da mulher.
Palavras-chave: Bem Viver; Feminismo decolonial; Gênero; Sustentabilidade Social.
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