Avaliação da umidade em pilhas de fardos de palhiço de cana-de-açúcar no campo com a utilização de técnicas geoestatísticas

Autores

DOI:

https://doi.org/10.55761/abclima.v37i21.19003

Palavras-chave:

Armazenamento, Biomassa, Densidade, Dependência espacial

Resumo

A cana-de-açúcar é plantada em 23 estados brasileiros totalizando mais de 10,2 milhões de hectares, e para cada hectare existem em torno de 10 toneladas de palhiço (base seca), biomassa resultante da colheita mecanizada. No Brasil, o palhiço é relevante para o setor pelo volume produzido, e pode ser utilizado para a produção de vapor, energia elétrica, etanol de segunda geração e papel, sendo o enfardamento a forma mais utilizada no recolhimento a campo. Devido à entressafra da cana-de-açúcar, é necessário a estocagem dos fardos produzidos em grandes pilhas por até um ano. A maneira mais adequada para armazenar fardos de palhiço ainda não é eficiente, o que acarreta em perdas de biomassa, maiores custos e redução dos lucros. Com o objetivo de propor técnicas mais eficientes no armazenamento de palhiço, foi avaliada, por meio de técnicas geoestatísticas, a distribuição da umidade no interior de pilhas de palhiço de cana-de-açúcar armazenadas em campo, sem cobertura. Foram consideradas duas densidades de enfardamento, três níveis de precipitação acumulada e a picagem ou não do palhiço antes do enfardamento. Ao todo, nove pilhas foram instaladas, sendo amostrados 294 pontos de umidade por pilha. A análise e processamento dos dados consistiu em verificar a existência de dependência espacial, e existindo, realizou-se a interpolação dos dados pelo método de Krigagem ordinária por predição, para estimar valores em locais não medidos e serem criados os mapas de distribuição da umidade nas pilhas. Em todos os tratamentos avaliados foi observada a existência de dependência espacial, sendo possível a utilização de métodos geoestatísticos para análise. O modelo esférico foi o mais adequado para descrever o comportamento da umidade no interior das pilhas. A picagem do palhiço interferiu na distribuição da umidade, assim como a densidade e a quantidade de precipitações acumuladas. Para curtos períodos de armazenamento, fardos de palhiço picado permaneceram mais secos, enquanto que para períodos mais longos, fardos de palhiço não picado mantiveram-se mais secos. Além disso, pilhas de fardos com alta densidade demonstraram maior eficiência na manutenção de biomassa seca.

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Biografia do Autor

Marcelo Scantamburlo Denadai, Faculdade de Tecnologia – Fatec Botucatu

Professor de Ensino Superior III-E na Faculdade de Tecnologia (FATEC) de Botucatu (2015-atual). Doutor em Agronomia (Energia na Agricultura) pela FCA/UNESP (2014-2018), desenvolvendo trabalhos sobre o desempenho operacional de equipamentos agroflorestais, custos e tecnologia da produção de biomassa. Mestre em Agronomia (Energia na Agricultura) pela FCA/UNESP (2012-2014). Engenheiro Agrônomo pela FEIS/UNESP (2007-2011). Especialista (MBA) em Agronegócios pelo Pecege-ESALQ/USP (2016-2018). Coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Agronegócio da FATEC Botucatu (2022-atual), membro do Núcleo Docente Estruturante do curso de Agronegócio da Fatec Botucatu (2018-atual), Coordenador em Aviação Agrícola (2022-atual) e Pesquisador na MD Agro na área de drones agrícolas.

Saulo Philipe Sebastião Guerra, Universidade Estadual Paulista – FCA/UNESP

O docente possui graduação em Engenharia Florestal pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2000), mestrado em Agronomia (Energia na Agricultura) em 2003 e doutorado em Agronomia (Energia na Agricultura) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (2006). Realizou Pós-Doutoramento na The Univesity of Arizona - Maricopa Agricultural Center (2010). Atualmente, é Professor Associado da UNESP, na Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA), Departamento de Engenharia Rural e Socioeconomia, Coordenador do Grupo de Pesquisa LABB - Laboratório Agroflorestal de Biomassa e Bioenergia (FCA/UNESP), associado ao Instituto de Pesquisa em Bioenergia (IPBEN) e Pesquisador Associado da Nelson Mandela Univerisity (África do Sul) na área de mecanização da silvicultura e florestas plantada de eucalipto.Foi Diretor da Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais (FEPAF) na gestão 2010-2012. Atuoul como Coordenador do Curso de Graduação em Engenharia Florestal (FCA/UNESP) na gestão 2012-2018, período em que o curso figurou pela primeira e única vez entre os cinco melhores curso do Brasil. Assumiu em 2016 a Liderança Científica do Programa Cooperativo sobre Mecanização e Automação Florestal - PCMAF, do Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (IPEF). Atual Diretor da Agência UNESP de Inovação - AUIN, classificada como a primeira universidade do mundo, de acordo com o THE - Times Higher Education Impact Ranking em 2025, para a ODS 9 (Indústria, Inovação e Infraestrutura, e tri-campeã nacional em 2023, 2024 e 2025.

Emanuel Rangel Spadim, Universidade Estadual Paulista – FCA/UNESP

Engenheiro eletricista formado na Universidade Paulista (2015), Mestre em Agronomia - Energia na agricultura (2020) e Doutor no mesmo programa (2023), pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, onde também é Assistente de Suporte acadêmico. Tem experiência na área de instrumentação e ensaio de máquinas agrícolas e atua em pesquisas relacionadas à mecanização agrícola e florestal e ao uso de biomassa para geração de energia.

Humberto de Jesus Eufrade Junior, Universidade de São Paulo – ESALQ/USP

Engenheiro Florestal (2012), Mestre em Agronomia (2015) e doutor em Ciência Florestal (2019) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. Professor da Universidade de São Paulo - USP (2023-atual), lotado no Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz- ESALQ. Desenvolve pesquisas e projetos sobre celulose e papel e biorrefinaria, com foco na criação de soluções inovadoras a partir de fibras lignocelulósicas. Tem particular interesse em iniciativas que aproximam a indústria florestal da madeira e seus produtos, com ênfase em processos de polpação e valorização de resíduos por meio da reciclagem de papel e desenvolvimento de bioprodutos. Atualmente, coordena o Laboratório de Química, Celulose e Energia (LQCE), promovendo a educação, a pesquisa aplicada e a transferência de tecnologia para o avanço da indústria de celulose e papel.

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Publicado

23-10-2025

Como Citar

Denadai, M. S., Guerra, S. P. S., Spadim, E. R., & Junior, H. de J. E. (2025). Avaliação da umidade em pilhas de fardos de palhiço de cana-de-açúcar no campo com a utilização de técnicas geoestatísticas. Revista Brasileira De Climatologia, 37(21), 683–702. https://doi.org/10.55761/abclima.v37i21.19003

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Artigos