Ciência e tecnologia ancestral no afrofuturismo literário brasileiro: alguns casos
DOI:
https://doi.org/10.30612/nty.v13i21.19594Palavras-chave:
afrofuturismo; afrofuturismo brasileiro; literatura; ancestralidade; tecnologia; resistência.Resumo
O artigo busca apresentar a ancestralidade como elemento central na literatura afrofuturista brasileira, explorando como obras literárias reconstroem narrativas de futuro a partir de saberes ancestrais africanos e diaspóricos, em contraposição a uma ciência e tecnologia eurocêntricas. A pesquisa utiliza análise literária de três obras afrofuturistas brasileiras: "O céu entre mundos", "Ancestral" e a trilogia "Ketu 3". Através da análise de elementos narrativos como personagem, ação e tempo, os autores investigam como essas obras entrelaçam tecnologia, espiritualidade ancestral e resistência cultural. O estudo conclui que a literatura afrofuturista brasileira emerge como um campo de resistência, reconstruindo memórias e projetando futuros alternativos. Características centrais incluem: 1. Revalorização de saberes africanos; 2. Integração entre tecnologia e espiritualidade; 3. Protagonismo de personagens negros; 4. Crítica ao eurocentrismo científico. Os autores destacam que o diferencial dessa produção literária está em apresentar uma ciência e tecnologia não exclusivamente branca, mas fundamentada em conhecimentos ancestrais. A melanina, por exemplo, é ressignificada como elemento tecnológico e espiritual. O afrofuturismo brasileiro se configura, portanto, não apenas como um gênero literário, mas como um movimento de reconstituição identitária e projeção de futuros utópicos, onde a ancestralidade é fonte de potência e resistência. A pesquisa sinaliza a emergência de um campo literário rico, em expansão, que desafia narrativas hegemônicas e propõe novas compreensões sobre tecnologia, cultura e identidade.
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