Do Terceiro espaço à encruzilhada: hibridismo cultural e agência nas danças negras da diáspora

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30612/nty.v13i21.19501

Palavras-chave:

Diáspora negra, Hibridismo Cultural, Agência, Corpo, Dança

Resumo

Este trabalho investigou como as danças negras da diáspora, exemplificadas pela Técnica Silvestre, articulam hibridismo cultural e agência, elementos que se entrelaçam nas práticas de resistência política e formação de identidade. Para explorar essa articulação, a pesquisa se baseou em conceitos teóricos de autores como Homi K. Bhabha, Stuart Hall, Leda Maria Martins, Patricia Hill Collins e Paul Gilroy, cujas abordagens sobre o 'terceiro espaço', ‘encruzilhada’, 'hibridismo cultural', 'agência' e 'dupla consciência' orientaram a análise. Segundo Hall, as práticas diaspóricas negociam influências culturais para reconstruir identidades, um processo ligado à agência, como observa Collins. Martins, por sua vez, centraliza o corpo como espaço de memórias vivas, onde essas influências se transformam em novas narrativas e formas de resistência. O objetivo foi compreender as práticas corporais como espaços de contestação e formação de identidades na diáspora, com foco na relação entre corpo, memória e multiculturalismo, além de explorar como o hibridismo cultural pode ser uma estratégia de resistência e autodeterminação. A pesquisa, que combinou revisão bibliográfica e observação-participante, possibilitou investigar como a Técnica Silvestre ressignifica influências externas, criando epistemologias contra-hegemônicas. Os resultados indicaram que, ao integrar elementos culturais diversos, a Técnica Silvestre exemplifica o hibridismo cultural como prática de resistência e autodefinição. Conclui-se que práticas como a Técnica Silvestre transcendem a expressão artística, tornando-se instrumentos de transformação cultural e política, destacando a dança da diáspora como um território fundamental para a resistência e reconfiguração das identidades negras na diáspora.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ana Beatriz Coutinho Rezende, Universidade de São Paulo

USP

Referências

ACOGNY, Germaine. 2022. Dança africana. Organização de Daniela Maria Amoroso. Organização e tradução de Roberta Ferreira Roldão Macauley. Coleção PPGAC. São Paulo, Giostri.

BHABHA, Homi Kharshedji. 1998. O local da cultura. Belo Horizonte, Editora UFMG.

COLLINS, Patricia Hill. 2019. Pensamento feminista negro: conhecimento, consciência e a política do empoderamento. São Paulo, Boitempo Editorial.

DU BOIS, W. E. B. 2007. The Souls of Black Folk. New York, Oxford University Press [1903].

GILROY, Paul. 2001. O Atlântico negro: modernidade e dupla consciência. Tradução de Cid Knipel Moreira. São Paulo, Editora 34.

HALL, Stuart. 2023. Da diáspora: identidades e mediações culturais. 3ª ed. Organização de Liv Sovik. Belo Horizonte, UFMG.

DESMOND, Jane. 1997. “Embodying Difference: Issues in Dance and Cultural Studies”. In: DESMOND, Jane. Meaning in motion: New cultural studies of dance. London, Duke University Press, p. 29-54. DOI: https://doi.org/10.1215/9780822397281-002

MAIÊ, Mo. 2017. Os Quatro Ciclos do Dikenga. Disponível em: https://terreirodegriots.blogspot.com/2017/03/os-quatro-ciclos-do-cosmograma-bakongo.html. Acesso em: 29 dez. 2024.

MARTINS, Leda Maria. 2021. Performances do tempo espiralar, poéticas do corpo-tela. Rio de Janeiro, Cobogó.

REZENDE, Ana Beatriz Coutinho, PASSOS, Vera. 2024. “Técnica Silvestre e a Força do Encontro entre Tradição e Contemporaneidade: Ana Beatriz C. Rezende entrevista Vera Passos”. Revista Sala Preta, São Paulo, 23(3), p. 220-239. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2238-3867.v23i3p220-239

Downloads

Publicado

2025-09-08

Como Citar

Rezende, A. B. C. (2025). Do Terceiro espaço à encruzilhada: hibridismo cultural e agência nas danças negras da diáspora. Revista Ñanduty, 13(21), 216–232. https://doi.org/10.30612/nty.v13i21.19501