O cosmos das línguas indígenas perante a barbárie do antropoceno
DOI:
https://doi.org/10.30612/nty.v11i17.16820Palavras-chave:
Línguas indígenas, Decolonialidade, AntropocenoResumo
A emergência climática e os genocídios multiespécies nos levam a compreender este tempo como uma barbárie cósmica, decorrente de consecutivas colonizações. A cena científica experimenta nomeá-lo como Antropoceno. Este artigo se mobiliza a pensar a ligação entre linguagem e a percepção cósmica. Assim, por meio de reflexões do poder de supressão da monológica colonial sobre as onto-epistemologias das línguas indígenas americanas e a potência da soltura dos grilhões antropocênicos, propor um giro decolonial nas ciências e experiências de vida em busca de um futuro ancestral que possibilidade alternativas alheias aos caminhos do Antropoceno e garanta uma confluência de cosmos.
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