Vol. 5 Núm. 7 (2017): “Diálogos Interdisciplinares da Antropologia”
Organizadores: Noêmia Moura (noemiamoura@ufgd.edu.br) e Alexandre Coello (alex.coello@upf.edu)
Desde as suas origens, a relação entre a antropologia e as ciências humanas, principalmente a história, tem oscilado. No século XIX, a questão da mudança foi central para os grandes pensadores clássicos das ciências sociais. A emergência da sociedade industrial, a transição para a modernidade, a formação de impérios levantaram muitas indagações para autores como Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim. Certamente, a base da filosofia da história da maioria deles, como Marx ou Durkheim, iniciada a partir de visões lineares de tempo, compartilhara princípios evolutivos ou a própria ideia de progresso. Nesse cenário, significativos são os adeptos do que tem sido chamado de "teoria das duas águas", ou seja, um modelo explicativo da transição de sociedades tradicionais baseadas em laços comunitários para as sociedades modernas com base em noções de estruturas individuais e de estratificação social. Para entender esta divisão arbitrária entre a antropologia e a história, é necessário aprofundar tanto as questões teóricas e os fundamentos filosóficos dos diferentes paradigmas, quanto os aspectos políticos e históricos que a constitui. Nas palavras de Eric R. Wolf (Europe and the People Without History, 1982) torna-se importante repensar as sociedades e as culturas não como unidades separadas, mas como parte de uma história comum. Nas últimas décadas, a antropologia tem intensificado diálogos com outras disciplinas (a geografia, a sociologia, a história da arte, dentre outras). O objetivo deste dossiê, portanto, é congregar pesquisas-escritos que tenham como foco os enlaces da antropologia com as ciências humanas, privilegiando a (re) produção de conhecimentos (interdisciplinares) sobre os povos indígenas do Brasil e de outros países.