Paisagens portuárias
Uma etnografia das relações entre humanos e pombos no porto de Santos
DOI:
https://doi.org/10.30612/nty.v9i13.15552Palabras clave:
Humanos e animais, Porto de Santos, CidadesResumen
Portos são lugares de trânsito de pessoas, mas, sobretudo, das mais diversas cargas. Neste artigo demonstro, a partir de uma pesquisa etnográfica sobre a relação entre humanos e animais, como é a paisagem portuária em Santos – SP. Para além de um simples cais onde atracam navios para que realizem a carga e descarga dos mais variados produtos, uma vez ali, é possível entender que há uma série de sujeitos humanos e não humanos interatuando não como agentes isolados, mas compondo esta paisagem conjuntamente. As reflexões propostas aqui partem de uma pesquisa que teve como foco as relações entre pessoas e pombos urbanos, animais considerados pragas no contexto portuário de Santos, onde foi instituído um programa de controle para que estas aves, cuja população aumentava a cada ano devido à expansão das atividades portuárias, não causassem danos à saúde ou à economia. Ao acompanhar este programa de controle, ficou claro que olhar para os pombos no porto significava olhar para uma série de sujeitos outros ali presentes, cada qual à sua maneira, como: trabalhadores, grãos, maquinários, instituições e autoridades, animais, edificações, barreiras físicas para o controle de animais, entre tantos outros. A partir desta etnografia, bem como de um resgate histórico do porto por meio de notícias, é possível admitirmos, por fim, que o porto possui sua própria ecologia, que abarca, principalmente, sujeitos indesejados humanos e não humanos que parecem não pertencer a qualquer outro lugar e configuram ideias de desordem e impureza.
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