Entre o rosa e o vermelho: a Onda Rosa e as relações econômicas de Brasil e Venezuela com a China no século XXI
DOI:
https://doi.org/10.30612/mones.v14i27.19557Palavras-chave:
Onda Rosa, China, Brasil, Venezuela, neoextrativismo, neodesenvolvimentismoResumo
O presente trabalho busca analisar como o investimento estrangeiro direto (IED) e os empréstimos/financiamentos chineses impactaram a dinâmica de desenvolvimento nacional do Brasil e da Venezuela durante a Onda Rosa (1998-2016). Para desenvolver a análise, o trabalho é dividido da seguinte forma: primeiro, há uma fundamentação teórica acerca do neoextrativismo e do neodesenvolvimentismo. Na sequência, o foco volta-se para a esquerda latino-americana do século XXI, utilizando as categorias estabelecidas para examinar os contextos de Brasil e Venezuela. O papel da China na Onda Rosa e seus efeitos econômicos são explorados na terceira seção. Utiliza-se a metodologia de estudo de caso múltiplo com abordagem analítico-descritiva, com foco nos casos de Brasil e Venezuela, concluindo-se que o destino e os tipos de acordo dos IED e os empréstimos/financiamentos chineses nesses dois países latino-americanos fomentam um processo de neoextrativização produtiva nacional. Em outras palavras, este artigo argumenta que o fluxo de capitais chineses simboliza uma aliança transnacional entre o Estado do binômio desenvolvimentista-neoextrativista e o capital chinês, promovendo a radicalização do neoextrativismo.
Downloads
Referências
ARÁOZ, Horacio M. Conflictos socioambientales y disputas civilizatorias en América Latina: entre el desarrollismo extractivista y el Buen Vivir. Crítica y Resistencias, n. 1, pp. 19-42, 2015.
ARCE, Anatólio M. Como a Venezuela chegou ao Mercosul? A política externa do governo Hugo Chávez (1999-2006). Dissertação (Mestrado em História), Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, 2013.
BALAAM, David N.; DILLMAN, Bradford. Introduction to International Political Economy. Boston: Pearson, 2014. DOI: https://doi.org/10.4324/9781315663838
BAUMANN, Renato. Some Recent Features of Brazil-China Economic Relations. Santiago: ECLAC - Economic Commission for Latin America and the Caribbean, 2009.
BOLINAGA, Luciano; SLIPAK, Ariel. The Beijing Consensus and the Reprimarization of the Productive Structure in Latin America: The Case of Argentina. Revista Problemas del Desarrollo, v. 46, n. 183, pp. 33-58, 2015. DOI: https://doi.org/10.1016/j.rpd.2015.10.003
BONENTE, Bianca I.; CORRÊA, Hugo F. Desenvolvimento sem “ismos”: uma crítica ao novo-desenvolvimentismo a partir dos Grundrisse de Marx. Revista Outubro, n. 23, pp. 109-127, 2015.
CEPÊDA, Vera A. Inclusão, democracia e novo-desenvolvimentismo: um balanço histórico. Estudos Avançados, v. 26, n. 75, pp. 77-90, 2012. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-40142012000200006
CERVO, Amado. Paradigmas da política exterior: liberal-conservador, desenvolvimentista, neoliberal e logístico. In: CERVO, Amado. Inserção internacional: formação de conceitos brasileiros. São Paulo: Saraiva, 2008.
CHIACHIO, Elis P. A Onda Rosa na América Latina: caso brasileiro. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Relações Internacionais), Universidade Federal da Grande Dourados, Dourados, 2018.
CHIASSON-LEBEL, Thomas; LARRABURE, Manuel. Latin America’s changing balance of class forces: An Introduction. European Review of Latin American and Caribbean Studies, v. 108, pp. 87-107, 2019. DOI: https://doi.org/10.32992/erlacs.10564
DOMÍNGUEZ, Rafael; CARIA, Sara. Extractivismos andinos y limitantes del cambio estructural. In: BURCHARDT, Hans-Jürgen; DOMÍNGUEZ, Rafael; LARREA, Carlos; PETERS, Stefan (eds.). Nada dura para siempre: Neoextractivismo tras el boom de las materias primas. Quito: Universidad Andina Simón Bolívar, 2016.
EMERSON, R Guy. La ‘marea rosa en América Latina: Orígenes y posibles trayectorias. In: GACHÚZ M., Juan Carlos; BARONA C., Claudia; SÁNCHEZ L., Gerardo (coords.). Escenarios Regionales Contemporáneos. Puebla: Universidad de las Américas Puebla, 2018.
FLORES-MACÍAS, Gustavo A.; KREPS, Sarah E. The foreign policy consequences of trade: China’s commercial relations with Africa and Latin America, 1992–2006. The Journal of Politics, v. 75, n. 2, pp. 357-371, 2013. DOI: https://doi.org/10.1017/S0022381613000066
GARCIA, Ana; RODRÍGUEZ, María Elena; BRITO, Cleiton M.; GRINSZTEJN, Cândido. Chinese Investments in Brazil: Investment Data, Public Policies for Investment Facilitation and the Case of the Manaus Industrial Pole. BRICS Policy Center Policy Brief, v. 13, n. 6, jun. 2023. Disponível em: https://bricspolicycenter.org/wp-content/uploads/2023/07/BRICS_ChinaBrasil-7.pdf. Acessado em 09 de agosto de 2025.
GAUDICHAUD, Franck; WEBBER, Jeffery; MODONESI, Massimo. Los gobiernos progresistas latinoamericanos del siglo XXI: ensayos de interpretación histórica. Ciudad de México: UNAM, 2019.
GERRING, John. Case Study Research: Principles and Practices. Cambridge: Cambridge University, 2012.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2008.
GUDYNAS, Eduardo. Diez tesis urgentes sobre el neoextractivismo: Contextos y demandas bajo el progresismo sudamericano actual. Quito: CAAP/FLACSO, 2009.
GUTIÉRREZ, Alexander E. China-Venezuela: When Economic Statecraft Creates Economic Power. Paper (Mestrado em Relações Internacionais), Universidade de Chicago, Chicago, 2023.
HERZ, Mônica; HOFFMANN, Andrea Ribeiro; TABAK, Jana. Organizações internacionais: história e práticas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015.
HIRAOKA, Martín M. Las particularidades de una Marea Rosa diversa: Una re-categorización de los gobiernos progresistas de la Marea Rosa Latinoamericana. Dissertação (Mestrado), Universidade Autônoma de Madri, Madri, 2021.
JENKINS, Rhys. Latin America and China — a New Dependency? Third World Quarterly, v. 33, n. 7, pp. 1337-1358, 2012. DOI: https://doi.org/10.1080/01436597.2012.691834
LEIVA, Fernando I. Latin American Neostructuralism: the contradictions of post-neoliberal development. Minneapolis: University of Minnesota, 2008.
MELLO, Fátima; TONI, Ana. Sustentabilidade do Desenvolvimento no Brasil pós-Rio+20. São Paulo: Friedrich-Ebert-Stiftung (FES), nov. 2013. Disponível em: https://library.fes.de/pdf-files/bueros/brasilien/10454.pdf. Acessado em 09 de agosto de 2025.
MILANEZ, Bruno; SANTOS, Rodrigo S. P. Neodesenvolvimentismo às avessas? Uma análise do atual modelo de desenvolvimento brasileiro. Rio de Janeiro: Texto para Discussão, 2014. Disponível em: https://www2.ufjf.br/poemas/files/2014/07/Santos-2014-Neodesenvolvimentismo-%C3%A0s-avessas.pdf. Acessado em 09 de agosto de 2025.
MOURA, Rafael; PAULA, Luiz Fernando de. Ciclos Políticos e Econômicos na América do Sul: ascensão e queda da Onda Rosa vista por um prisma estruturalista. Boletim GEEP, v. 3, n. 1, pp. 9-19, 2022. Disponível em: http://geep.iesp.uerj.br/wp-content/uploads/2022/05/Relatorio-GEEP-7-Final.pdf. Acessado em 09 de agosto de 2025.
MYERS, Margaret; RAY, Rebecca. Feeling the Stones: Chinese Development Finance to Latin America and the Caribbean, 2023. Washington, D.C., The Dialogue, Global Development Policy Center, China-LAC Report, jun. 2024. Disponível em: www.thedialogue.org/wp-content/uploads/2024/06/Chinese-Development-Finance-in-Latin-America-and-the-Caribbean-2023-Update-Final.pdf. Acessado em 09 de agosto de 2025.
OLIVEIRA, Augusto Neftali C. de. Neoliberalismo durável: o Consenso de Washington na Onda Rosa Latino-Americana. Opinião Pública, v. 26, n. 1, pp. 158-192, 2020. DOI: https://doi.org/10.1590/1807-01912020261158
OLIVEIRA, Henrique Altemani de. A Crise Asiática e a China. São Paulo: Instituto de Estudos Avançados, Universidade de São Paulo, 1999. Disponível em: www.pucsp.br/geap/coordenador/acriseasi.PDF. Acessado em 09 de agosto de 2025.
REDALC-CHINA. Brasil. [s.d.]. Disponível em: https://redalc-china.org/monitor/informacion-por-pais/brasil/. Acessado em 09 de agosto de 2025.
REDALC-CHINA. Venezuela. [s.d.]. Disponível em: https://redalc-china.org/monitor/informacion-por-pais/venezuela/. Acessado em 09 de agosto de 2025.
SAMPAIO JR., Plínio de Arruda. Desenvolvimentismo e neodesenvolvimentismo: tragédia e farsa. Serviço Social e Sociedade, n. 112, pp. 672-688, 2012. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-66282012000400004
SEABRA, Raphael. A via venezuelana ao socialismo. Curitiba: CRV, 2014.
SILVA, Fabricio. Até onde vai a “onda rosa”? Análise de Conjuntura, Observatório Político Sul-Americano (OPSA), n. 2, 2010.
SVAMPA, Maristella. “Consenso de los Commodities” y lenguajes de valoración en América Latina. Nueva Sociedad, n. 244, pp. 30-46, 2013.
SVAMPA, Maristella. Las fronteras del neoextractivismo en América Latina: conflictos socioambientales, giro ecoterritorial y nuevas dependencias. San José: Universidad de Costa Rica, 2019. DOI: https://doi.org/10.2307/j.ctv2f9xs4v
TREACY, Mariano. Dependency Theory and the Critique of Neodevelopmentalism in Latin America. Latin American Perspectives, v. 49, n. 1, pp. 218-236, 2022. DOI: https://doi.org/10.1177/0094582X211066531
U.S. DEPARTMENT OF STATE. Venezuela-Related Sanctions. [s.d.]. Disponível em: www.state.gov/venezuela-related-sanctions/. Acessado em 09 de agosto de 2025.
VIGEVANI, Tullo; CEPALUNI, Gabriel. A política externa de Lula da Silva: a estratégia da autonomia pela diversificação. Contexto Internacional, v. 29, n. 2, pp. 273-335, 2007. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-85292007000200002
YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2015.
YIN-HANG TO, Emma Miriam. South-South Cooperation or Dependency with “Chinese Characteristics” in Venezuela? In: ELLNER, Steve (ed.). Latin American Extractivism: Dependency, Resource Nationalism, and Resistance in Broad Perspective. Lanham: Rowman & Littlefield Publishers, 2021.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Lucas Rocha Barbuda de Matos, Darcília do Prado Barbosa e Silva

Esta obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Attribution 3.0 Unported License.
- Os autores e autoras mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Brasil. que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores e autoras têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores e autoras têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado, porém invariavelmente com o reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
