“Estados falidos” enquanto discurso colonial
DOI:
https://doi.org/10.30612/rmufgd.v8i15.11534Palavras-chave:
Estados falidos. Política externa dos EUA. Discurso colonial.Resumo
O artigo analisa a categoria “estado falido” conforme apresentada nos documentos de política externa dos EUA durante o governo George W. Bush (2001-2009) com o objetivo de compreender como tal situação foi concebida como um evento de natureza essencialmente doméstica. A hipótese que orienta o trabalho é que mediante premissas do Institucionalismo da Escolha Racional, o dito fracasso estatal pode ser compreendido como decorrente de problemas eminentemente institucionais, sendo julgado à luz do desenvolvimento político e econômico ocidental. Como resultado, temos uma narrativa semelhante à ideia de Discurso Colonial, tal como desenvolvida por Edward Said e Homi Bhabha, que constrói o colonizado como população degenerada cujos problemas se originam de questões raciais e que justificam a conquista e o estabelecimento de sistemas administrativos para controle.
Recebido em: agosto de 2019
Aceito em: fevereiro de 2020
Downloads
Referências
BHABHA, Homi. O Local da Cultura. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.
BHUTA, Nehal. Against State-Building. Constellations, vol. 15, n. 4, p. 517-542, 2008.
BLANCO, Ramon; DELGADO, Ana Carolina Teixeira. Problematising the ultimate other of modernity: the crystallization of coloniality in international politics. Contexto Internacional, vol. 41, n. 3, p. 599-619, 2019.
BUSH, George W. National Strategy for Combating Terrorism. White House: Washington D.C, 2003.
BUSH, George W. The National Security Strategy of the United States of America. White House: Washington D.C, 2002.
BUSH, George W. The National Security Strategy of the United States of America. The White House: Washington D.C, 2006.
CALL, Charles T. Beyond the ‘Failed State’: Toward Conceptual Alternatives. European Journal of International Relations vol. 17, no. 2, p. 303–326, 2010.
CARMENT, David. Assessing State Failure: Implications for theory and policy. Third World Quarterly, vol. 24, n. 3, p. 407-427, 2003.
CARMENT, David; SAMY, Yiagadeesen. Assessing State Fragility: A Country Indicators for Foreign Policy Report. Ottawa: Carleton University, 2012.
DREAZEN, Yochi. Candidate Trump promised to stay out of foreign wars. President Trump is escalating them. Disponível em: <https://www.vox.com/world/2017/8/25/16185936/trump-america-first-afghanistan-war-troops-iraq-generals> Acessado em 16 de janeiro de 2020.
FABIAN, Johannes. Time and the Other: how Anthropology makes its Subject. New York: Columbia University Press, 1983.
FERREIRA, Ines. Measuring state fragility: a review of the theoretical groundings of existing approaches. Third World Quarterly, vol. 38, n. 6, p. 1291-1309, 2017.
FOREIGN POLICY. The Failed States Index. Washington D.C: Washington Post. Newsweek Interactive, 2005.
FUKUYAMA, Francis. Construção de Estados: governo e organização mundial no século XXI. Rio de Janeiro: Rocco, 2005.
FUND FOR PEACE. The Fragile States Index Data. Disponível em: <http://fsi.fundforpeace.org/> Acessado em 16 de janeiro de 2020.
GOLDSTONE, Jack; HAUGHTON, Jonathan; SOLTAN, Karol; ZINNES, Clifford. Strategy Framework for the Assessment and Treatment of Fragile States. Washington: PPC IDEAS, 2004.
GOMES, Aureo de Toledo. Questionando o fracasso estatal: um balance da literatura crítica. BIB, n. 71, p. 69-94, 2011.
GRÄVINGHOLT, Jorn; ZIAJA, Sebastian; KREIBAUM, Merle. Disaggregating State Fragility: A Method to Establish a Multidimensional Empirical Typology. Third World Quarterly vol. 36, no. 7, p. 1281–1298, 2015.
GROS, Jean-Germain. Toward a Taxonomy of Failed States in the New World Order: Decaying Somalia, Liberia, Rwanda and Haiti. Third World Quarterly, vol. 17, n. 3, p. 455-471, 1996.
GURR, Ted. Why Men Rebel. New York: Paradigm Publishers, 1970.
HALL, Peter, TAYLOR, Rosemary. As três versões do Neo-Institucionalismo. Lua Nova, n. 58, p.p. 193-223, 2003.
HEHIR, Aidan. The Myth of the Failed State and the War on Terror: a challenge to conventional wisdom. Journal of Intervention and Peacebuilding, vol.1, n. 3, p. 307-333, 2007.
HELMAN, Gerald; RATNER, Steven. Saving Failed States. Foreign Policy, n. 89, p. 3-18, 1993.
HILL, Jonathan. Beyond the Other? A postcolonial critique of the failed state thesis. African Identities, vol. 3, n. 2, p. 139-154, 2005.
IMMERGUT, Ellen. The theoretical core of the New Institutionalism. Politics and Society, vol. 26, n. 1, p. 5-34, 1998.
JACKSON, Robert. Quasi-States: Sovereignty, International Relations and the Third World. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.
JACKSON, Robert; ROSENBERG, Carl. Why Africa’s Weak State persist: the empirical and the juridical in Statehood. World Politics, vol. 35, n. 1, p.p. 1-24, 1982.
KALYVAS, Sthathis. The Logic of Violence in Civil Wars. Cambridge: Cambridge University Press, 2006.
KAPLAN, Robert. The Coming Anarchy. The Atlantic Monthly, February, 1994.
MACDONALD, Paul; PARENT, Joseph. Trump didn’t shrink U.S. military commitments abroad – he expanded them. Disponível em:< https://www.foreignaffairs.com/articles/2019-12-03/trump-didnt-shrink-us-military-commitments-abroad-he-expanded-them> Acessado em 16 de janeiro de 2020.
MARSHALL, Monty; GOLDSTONE, Jack. Global Report on Conflict, Governance and State Fragility 2007.” Foreign Policy Bulletin vol.17, no. 1, p. 3–21, 2007.
MATA, Javier Fabra; ZIAJA, Sebastian. User’s Guide on Measuring Fragility. Bonn: German Development Institute, 2009.
MONTEIRO, Leandro. O Conceito de Estado Fracassado nas Relações Internacionais: Origens, Definições e Implicações Teóricas. São Paulo. Dissertação de Mestrado em Relações Internacionais. Programa San Tiago Dantas de Relações Internacionais UNESP/UNICAMP/PUC-SP, 2006.
NORTH, Douglass. Institutions, Institutional Change and Economic Performance. Cambridge: Cambridge University Press, 1990.
O’HANLON, Michael. Obama’s weak and failing states agenda. The Washington Quarterly, vol. 35, n. 4, p. 67-80.
OBAMA, Barack. The National Security Strategy of the United States of America. White House: Washington D.C, 2010.
ONU. A more secure world: our shared responsibility. New York: United Nations, 2004
PIAZZA, James. Rooted in Poverty? Terrorism, Poor Economic Development and Social Cleavages. Terrorism and Political Violence, vol. 18, p. 159-177, 2006.
PRZEWORSKI, Adam. A última instância: as instituições são a causa primordial do desenvolvimento econômico?. Novos Estudos, n. 72, p. 59-77, 2005.
RICE, Susan; PATRICK, Stewart. Index of State Weakness in the Developing World. Washington, DC: Foreign Policy, and Brookings Global Economy and Development, 2008.
ROCHA DE SIQUEIRA, Isabel. Measuring and managing ‘state fragility’: the production of statistics by the World Bank, Timor Leste and the g7+. Third World Quarterly, vol. 35, n. 2, p. 268-283, 2014.
ROTBERG, Robert. The Failure and Collapse of Nation States: Breakdown, Prevention, and Repair”. In: ROTBERG, Robert (org.). When States Fail: Causes and consequences. New Jersey: Princeton University Press, 2004, p. 1-49.
SAID, Edward. Orientalismo: o Oriente como Invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia das Letras, 1979.
STEWART, Frances; BROWN, Graham. Fragile States. CRISE Working Paper No. 51. Disponível em: http://economics.ouls.ox.ac.uk/13009/1/workingpaper51.pdf Acessado em 16 de janeiro de 2020.
TRUMP, Donald. The National Security Strategy of the United States of America. White House: Washington D.C, 2017.
USAID. Fragile States Strategy. Bureau for Policy and Program Coordination, USAID: Washington D.C, 2005.
WORLD BANK. CPIA 2011 Criteria. Washington, DC: World Bank, 2011.
ZARTMAN, I. William (org.). Collapsed States: the Disintegration and Restoration of Legitimate Authority. Colorado: Lynne Rienner, 1995.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
- Os autores e autoras mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Brasil. que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores e autoras têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores e autoras têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado, porém invariavelmente com o reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.