Arigós em Porto Velho: a construção da ordem e da estratificação social a partir da violência institucionalizada pelo Estado
DOI:
https://doi.org/10.30612/rmufgd.v10i18.11180Palavras-chave:
Arigós, Campos de Pousio, Porto VelhoResumo
A migração nordestina é um fenômeno permanente na história do Brasil, desde a segunda metade do século XIX. O Nordeste, como região pobre e famélica, surge de um imaginário propositalmente construído ao longo do Império e durante a República. A seca foi considerada uma verdadeira indústria humana para prover aos centros produtores, mão de obra barata e disponível a qualquer tipo de serviço. Na década de 1940, o Estado Varguista apropriou-se dessa mão de obra, criando a figura do soldado da borracha, um trabalhador com educação profissional militarizada e prontamente subordinado às autoridades que governariam sua vida nos seringais. Mesmo diante desse projeto fascista, os arigós souberam construir alternativas e tornaram-se o elemento chave para o povoamento da Amazônia naquele período. Asseguraram, com seu trabalho e suas vidas, a produção de borracha para os esforços da Segunda Grande Guerra. Em seus deslocamentos, eram confinados aos pontos de concentração, locais disciplinarizados e autoritários, moldados a partir da mentalidade fascista e higienista da época. Em Porto Velho, o campo de pousio chamou-se Arigolândia e deu origem a um bairro periférico, majoritariamente habitado por nordestinos. Este trabalho pretende insvestigar a formação do bairro Arigolândia no contexto urbano e social da cidade de Porto Velho. O método de pesquisa utilizado foi baseado em revisão bibliográfica e documental, bem como, em entrevistas organizadas a partir dos métodos da História do Tempo Presente e das técnicas da História Oral.Downloads
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