A insuficiência da tutela jurídica das identidades humanas e a necessidade de flexionar fronteiras

Autores

DOI:

https://doi.org/10.30612/videre.v12i25.11302

Palavras-chave:

Identidades. Lógica categorial moderna. Gênero. Fronteiras. Humanidade.

Resumo

O presente artigo propõe discutir a formação e regulação jurídica da(s) identidade(s) a partir do viés de gênero, analisando como a questão identitária é tratada pelo direito brasileiro, a fim de expor as discrepâncias existentes entre a realidade e a regulação jurídica. A formação e tutela da identidade a partir da perspectiva binária de gênero reforça a delimitação de fronteiras e evidencia a precariedade da visão jurídica da identidade, reflexo da matriz heteronormativa. São oferecidas críticas a essas aparentes desconformidades identitárias, de modo a demonstrar a urgência em situar aqueles que se encontram fora das fronteiras como sujeitos de direito merecedores da mesma proteção que é garantida a todos os cidadãos. Utiliza-se do método dedutivo, partindo-se da percepção moderna de identidade para o direito e analisando seus reflexos quanto à tutela relativa ao âmbito de gênero, em uma abordagem a partir da crítica feminista à heteronormatividade e à designação binária de identidade.

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Biografia do Autor

Danielli Gadenz, Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Graduada e Mestre em Direito pela Universidade Federal de Santa Maria/RS (UFSM). Doutoranda em Direito pelo Programa de Pós-graduação em Direito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), na área de concentração Direitos Humanos e Democracia, vinculada à linha de pesquisa Cidadania e inclusão social. Docente no Curso de Direito do Centro Universitário Univel, em Cascavel-PR. Membro do Núcleo de Pesquisa Direitos Humanos e Vulnerabilidades (UFPR) e do Grupo de Pesquisa em Direito Civil Constitucional “Virada de Copérnico” (UFPR).

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Publicado

2020-12-18

Como Citar

Gadenz, D. (2020). A insuficiência da tutela jurídica das identidades humanas e a necessidade de flexionar fronteiras. Revista Videre, 12(25), 292–311. https://doi.org/10.30612/videre.v12i25.11302

Edição

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Artigos