Colonialidade do corpo feminino negro: trabalho reprodutivo no período escravocrata brasileiro e justiça racial
DOI:
https://doi.org/10.30612/videre.v13i27.14416Palabras clave:
Colonialidade do corpo, Corpo feminino negro, Trabalho reprodutivo, Justiça racial.Resumen
O presente artigo tem por escopo analisar como se deu a colonialidade do corpo feminino negro e o trabalho reprodutivo da mulher negra durante o período escravocrata brasileiro, trazendo a dualidade entre o corpo para o trabalho e o corpo para o prazer. A partir de uma análise interseccionada entre racismo e sexismo, procurou-se debater como raça e gênero configuram feixes de opressão que atravessam os corpos femininos negros desde o colonialismo e permanecem até a contemporaneidade, de modo a produzir condições diferenciadas de acesso a direitos, inclusive direitos reprodutivos. Isso pode ser atribuído à hierarquia reprodutiva existente no Brasil, em que mulheres negras não alcançam com plenitude o ambiente de decisão e de autonomia sobre seus próprios corpos. Logo, é urgente constituir a mulher negra enquanto sujeito político, identitário e não subalterno, que fala por si própria e direciona sua luta por justiça racial, rompendo com as violências históricas geradas pelo colonialismo e pelo processo de hierarquização de raças.
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