Arquitetura forense e o caso Ayotzinapa: uma estética investigativa a partir das leituras de Zaffaroni e Didi-Huberman
DOI:
https://doi.org/10.30612/videre.v12i24.11506Palavras-chave:
Arquitetura forense. Ayotzinapa. Criminologia Cautelar.Resumo
Tendo como referência artística a exposição Forensic Architecture – hacia una estética investigativa realizada no Museu Universitário de Arte Contemporânea (MUAC) da Universidad Nacional Autónoma de México (UNAM) em 2017, o presente artigo problematiza as implicações destes estudos imagéticos e investigativos para o campo da criminologia. Neste sentido, trata-se de um estudo de abordagem qualitativa, de revisão bibliográfica e de análise de conteúdo e imagens, que pretende reflexionar sobre questões sociais emergentes, como a violência pública e violência estatal, lançando luzes sobre aspectos teóricos de modo transdisciplinar. A partir da necessidade de se ouvir as palavras dos mortos, conceito utilizado por Zaffaroni (2012) e a emergência dos estudos de Didi-Huberman (2004), em especial o dedicado a analisar as fotos (imagens) e as memórias do Holocausto, este estudo se debruça em pensar múltiplos caminhos e possibilidades, a fim de compreender os dias de setembro de 2014, nos quais estudantes da Escola Normal Rural de Ayotzinapa foram atacados pela polícia local em conluio com organizações criminosas, deixando como memória seis (06) pessoas mortas, quarenta (40) feridas e quarenta e três (43) estudantes desaparecidos. Desta forma, este escrito busca articular o trabalho investigativo do Forensic Architecture no interior da Criminologia Cautelar de Zaffaroni (2012), procurando oferecer elementos para reflexionar sobre as interfaces entre os campos da criminologia, da investigação criminal, das artes e dos estudos visuais.
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