Galanteadores e Acesas: moralidade e relações de gênero nos “tipos populares” do escritor e jornalista João de Deus do Rego (Belém, 1893-1897)
DOI:
https://doi.org/10.30612/nty.v13i21.20595Palavras-chave:
Literatos, Crônicas, Tipos Populares, Moralidade, Relações de Gênero, BelémResumo
Este artigo discute o emprego da noção de “tipo popular” a partir das crônicas
publicadas pelo escritor e jornalista João de Deus do Rego nos jornais paraenses Diário de
Belém e Folha do Norte da década de 1890, na capital do Estado do Pará, Brasil. A ideia de
popular é tratada neste estudo como espaço de interlocução de literatos/jornalistas com
mulheres e homens negros das classes trabalhadoras. Personagens de feitio ficcional e, ao
mesmo tempo, pessoas reais, os tipos populares de Rego trabalhavam de forma autônoma
no mercado público ou nas ruas como vendedeiras, por exemplo, viviam experiências
associativas (em irmandades religiosas e cordões festivos) e costumavam interagir com gente
da imprensa interessada nas transformações sociais vividas na primeira década da república
e do pós-abolição. Tal interlocução é identificada nas entrelinhas dos textos analisados, nos
quais concepções de feminino, de vida amorosa e de honradez ligada à sexualidade tinham
os seus sentidos negociados simbolicamente nos encontros diretos ou indiretos entre homens
de letras e gente das classes trabalhadoras.
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