O Ver-o-Peso como complexo de negritude na Amazônia Paraense
DOI:
https://doi.org/10.30612/nty.v13i21.19632Palavras-chave:
Ver-o-Peso; Negritude; Amazônia Paraense; AncestralidadeResumo
Esse artigo objetiva compreender e refletir a importância que o Ver-o-Peso tem para a Amazônia paraense. Considerado a maior feira a céu aberto da América Latina e importante centro de hortifrutigranjeiros da Amazônia, também se mantém como um território ancestral que une diariamente pessoas e mercadorias, sendo frequentado, predominantemente, por pessoas negras. A feira está ligada diretamente à urbanização e ao crescimento da cidade de Belém durante o período áureo da economia da borracha, em 19xx, e foi construída sob a força de trabalho negra escravizada que resiste até hoje no lugar, por meio da música, dança, culinária, artes e rituais que transformam e impulsionam a cultura amazônica paraense para todos os cantos do mundo. Esse recorte faz parte da minha dissertação em andamento, fruto do mestrado, que conta, a partir da perspectiva socioantropológica, as trajetórias sociais das boieiras da feira do Ver-o-Peso, cuja maioria são mulheres negras e enfrentaram dificuldades e obstáculos durante a pandemia da Covid-19 e a chegada da COP 30 na capital paraense. O Ver-o-Peso aparece como ator principal e complexo das diferentes trajetórias ali representadas, o que evidencia o caráter ancestral e de resistência de todos que ali vivenciam o cotidiano da feira.
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