A literatura feminista e negra escrita por Zora Hurston, Alice Walker e Eliana Alves Cruz: poética da diversidade e negritude nas Américas afro-diaspóricas

Resumen

Este artigo analisa três romances escritos por mulheres negras nas Américas afro-diaspóricas: Seus olhos viam Deus de Zora Neale Hurston, A cor púrpura de Alice Walker e Água de barrela de Eliana Alves Cruz. Escritos nos Estados Unidos e no Brasil, nos séculos XX e XXI, estes trabalhos literários proporcionam discussões sobre culturas negras e suas relações com a sociedade. Com uma revisão bibliográfica e uma inspiração na redução estrutural dos romances, criada na Sociologia da Literatura de Antonio Candido, a prosa de Hurston, Walker e Cruz acarretou o uso de estudos literários e das teorias socioantropológicas: feminismo negro, estudos culturais de Paul Gilroy e Stuart Hall, poética da diversidade de Édouard Glissant e negritude. Primeiramente, há um exame do significado do termo literatura negra, nesse caso, especificamente escrita por mulheres, que, exibe um aspecto internacional em proximidade com as ideias do Atlântico negro de Gilroy, da diáspora de Hall e de uma poética da diversidade de Glissant. Ademais, os romances foram considerados como parte de um pensamento feminista negro, que, na busca de suas protagonistas por autodefinição, subjetividade e identidade, se encontra com o movimento da negritude, a estética diaspórica e uma literatura da Relação. Enfatizou-se, então, que Hurston, Walker e Cruz retratam modos de falar negros, o que desenvolve a valorização de linguagens desprezadas pela ideologia branca ocidental. Sobre as obras literárias, produz-se uma nova “África”, com um retorno dos indivíduos negros a si mesmos. Em uma tentativa de ver as conexões entre as teorias mencionadas, este artigo também pensou na possibilidade de um novo humanismo dentro desses romances. Nesse sentido, esses trabalhos literários são uma literatura feminista e negra da diáspora relacionada a uma poética da diversidade e à negritude.