Por uma educação escolar sem “asa quebrada”: rede de saberes e formação de professores-pesquisadores indígenas no ensino superior
DOI:
https://doi.org/10.30612/nty.v12i19.18812Palabras clave:
Escola, Povos Indígenas do Amapá e Norte do Pará, História Indígena, Educação Escolar Indígena, Educação SuperiorResumen
Este artigo se propõe a discutir a educação escolar e a formação de professores indígenas a partir de fragmentos de trajetórias de vida e de experiências contemporâneas no ensino superior. Está estruturado na análise de distintos tempos históricos e principia historicizando os caminhos sinuosos da escola entre os povos indígenas, considerando que distintas gerações de Galibi-Marworno, PalikurArukwaynene e Wajãpi na Amazônia setentrional brasileira foram marcadas pelo medo ou pelas ressignificações que a educação escolar impôs. A metodologia utilizada levou em consideração nossa experiência pedagógica na formação de professores indígenas e, nesse sentido, realizou uma análise de conteúdo baseada na seleção de documentos históricos relacionados ao indigenismo, os quais dialogam em essência com alguns trabalhos de conclusão de curso defendidos por professores indígenas. A
problematização do artigo indica que a escola do tempo do Serviço de Proteção aos Índios não é a mesma que hoje afirma-se nas sociedades indígenas, via de regra, abandonou-se a perspectiva integracionista e civilizadora para se construir os pressupostos de uma outra escola indígena, que se apresenta nos tempos hodiernos “sem asa de passarinho quebrada”. Conforme é possível verificar na discussão central deste artigo, as Licenciaturas Interculturais Indígenas têm papel significativo ao contribuir para a promoção
de uma mudança na concepção da educação escolar e no papel do professor indígena, uma vez que o ensino superior possibilita a tessitura de difusas redes de saberes no contexto de formação de professores-pesquisadores, contribuindo para a afirmação de conhecimentos originários historicamente subjugados.
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