v. 7 n. 10 (2019): Diálogos em torno da biopolítica foucaultiana: cruzando temas, problemas e perspectivas

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Segundo Gilles Deleuze (1988), o trabalho de Foucault pode ser sintetizado a partir de três questões fundamentais: Que posso saber? Que posso fazer? Quem eu sou? Tais perguntas seriam correspondentes às três grandes “fases” pelas quais teria passado o pensamento foucaultiano. Essas indagações dariam conta de explicitar as principais preocupações de Michel Foucault da déc. de 60 (fase arqueológica), passando pela déc. de 70 (fase genealógica) e desembocando na déc. de 80 (est(ética) da existência). Para compor este dossiê temático interessa-nos, sobretudo, reflexões que tenham como foco ou pressuposto as elaborações da década de 70 em torno da biopolítica e/ou seus possíveis desdobramentos. O grande marco das reflexões biopolíticas é 1976, ano em que as obras de Michael Foucault apresentam uma nova abordagem para análise das relações de poder. O cerne da discussão é a obra “Em Defesa da Sociedade” de 1976 - a aula de 17 de março - , e também o final do livro História da Sexualidade (vol I): “A Vontade de Saber” - do mesmo ano. Em ambas as obras, fica explícito que Foucault reelabora suas investigações sobre o poder disciplinar cujo foco passa a ser o conceito de biopoder, pensado enquanto uma nova estratégia política. Para o autor, essa “nova” técnica de poder que se instaura na era clássica (segunda metade do século XVIII), visará, sobretudo, a população (natalidade, longevidade, mortalidade, doenças, sexualidade, raça, economia e etc). Inspirando-nos nos insights foucaultianos, convidamos autoras/es de diferentes campos disciplinares (antropologia, sociologia, filosofia, psicologia, saúde coletiva, comunicação, artes, direito, cinema, arquitetura, dentre outros) para participar do dossiê “Diálogos em torno da biopolítica foucaultiana: cruzando temas, problemas e perspectivas”. Contamos com colaborações que nos ajudem a pensar criticamente os desdobramentos teóricos em torno da biopolítica foucaultiana assim como problematizações que tenham como foco práticas, discursos e intervenções do/no contemporâneo cuja principal característica seja o governo da vida (individual e/ou coletiva), tais como: modelos de práticas e intervenções em corpo-saúde; mobilizações em torno de gênero, sexualidade e raça/etnia; políticas de produção e intervenção do/no espaço urbano/público; políticas oficiais de cuidado e assistência; lutas, mobilizações e estratégias em torno de direitos humanos; e etc. O intuito é deslindar as diferentes táticas biopolíticas que buscam a naturalização e justificação das assimetrias, das desigualdades, dos mecanismos e processos de exclusão e morte, sem perder de vista as diferentes estratégias de resistência.
Publicado: 2019-08-30

Apresentação do Dossiê

  • Diálogos em torno da biopolítica foucaultiana: cruzando temas, problemas e perspectivas

    Esmael Alves de Oliveira, Ceres Gomes Víctora
    1 a 3
    DOI: https://doi.org/10.30612/nty.v7i10.10313

Artigos do Dossiê

  • El suicidio como problema gubernamental en la ciudad de Córdoba, Argentina

    Santiago Manuel Romero
    4 a 27
    DOI: https://doi.org/10.30612/nty.v7i10.10295
  • Controvérsias e desafios metodológicos e políticos da classificação racial na biomedicina

    Tatiane Pereira Muniz
    28 a 49
    DOI: https://doi.org/10.30612/nty.v7i10.10296
  • Políticas assistenciais e a produção de sujeitos vulneráveis: o processo de desinstitucionalização produzindo zonas de abandono social

    Renata Lemes Allram, Gabriela Felten da Maia
    50 a 73
    DOI: https://doi.org/10.30612/nty.v7i10.10297
  • O governo dos inimigos públicos: os primeiros condenados pela ‘‘lei brasileira antiterrorismo’’ (lei 13.260/2016)

    Jorge Helius Scola Gomes
    74 a 93
    DOI: https://doi.org/10.30612/nty.v7i10.10299
  • Contribuições a partir da biopolítica para a compreensão da governamentalidade nos estádios de futebol

    Vinícius Teixeira Pinto
    94 a 108
    DOI: https://doi.org/10.30612/nty.v7i10.10300
  • O prólogo da barbárie

    Érika de Freitas Arvelos, David Silva de Oliveira
    109 a 129
    DOI: https://doi.org/10.30612/nty.v7i10.10301
  • Do corpo às emoções: o rosto de Marielle ressignificando o medo

    Elizete Bernardes, Solange Christiane Gonzalez Barros
    130 a 145
    DOI: https://doi.org/10.30612/nty.v7i10.10314
  • Machocracia, negacionismo histórico e violência no Brasil contemporâneo

    Aguinaldo Rodrigues Gomes
    146 a 158
    DOI: https://doi.org/10.30612/nty.v7i10.10303
  • “Humano que não se pode consertar”: a necropolítica dos corpos femininos

    João Victor Rossi, Simone Becker
    159 a 174
    DOI: https://doi.org/10.30612/nty.v7i10.10305
  • Interlocuções da educação de jovens e adultos pela biopolítica em Foucault

    Dayana Oliveira Arruda, Antônio Carlos do Nascimento Osório, Carlos Igor Oliveira Jitsumori
    175 a 191
    DOI: https://doi.org/10.30612/nty.v7i10.10306
  • Entre muros e titãs: análise das relações hierárquicas e de poder no mangá/animê shingeki no kyojin

    Kesley Gabriel Bezerra Coutinho, Márcio Alessandro Neman do Nascimento
    192 a 216
    DOI: https://doi.org/10.30612/nty.v7i10.10307

Ensaio

Resenha

  • Resenha do livro: "Gênero, sexualidade e saúde: Diálogos latino-americanos"

    Daniella Chagas Mesquita
    233 a 238
    DOI: https://doi.org/10.30612/nty.v7i10.10309
  • Resenha do livro: "Corpos em aliança e a política das ruas: notas para uma teoria performativa da assembleia"

    Ana Lígia Saab Vitta, Júlia Arruda da Fonseca Palmiere
    239 a 244
    DOI: https://doi.org/10.30612/nty.v7i10.10315