A universidade pública contra os povos indígenas? A presença indígena Xavante na Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), campus de Juara-MT, e a proposta do Museu “A'uwē Uptabi” de Campinápolis-MT
DOI:
https://doi.org/10.30612/nty.v12i19.18810Palavras-chave:
Universidade pública, Povos, indígenas, MuseuResumo
Este artigo é um recorte de pesquisa participante no contexto da educação popular e interculturalidade crítica, em andamento, acerca do processo de luta indígena Xavante para a criação do Museu “A'uwē Uptabi” na cidade de Campinápolis (MT). Esse processo se iniciou a partir da chegada de estudantes indígenas Xavante na Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), campus de Juara (MT), em 2022. Como bolsistas de extensão junto ao setor etnológico do Museu do Vale do Arinos, instituição indigenista vinculada à administração municipal e à UNEMAT (gestão compartilhada), estes estudantes passaram a ter contato com as etnias indígenas Apiaká, Kayabi, Munduruku e Rikbaktsa, locais, provocando no espaço museal etnoculturalidade. Dado a forte presença indígena no Museu do Vale do Arinos e acervos arqueológicos e etnológicos, os estudantes Xavante iniciaram um processo de luta para a criação do Museu “A'uwē Uptabi” vinculado à administração municipal de Campinápolis (MT), tendo como referencial o Museu do Vale do Arinos. Esse novo processo de luta Xavante, passa a compor um movimento inicial surgido em Mato Grosso, a partir do
Museu do Vale do Arinos, para a (re) significação e (re) apropriação do conceito de museus indigenistas. Se trata da busca por reconhecer nesses espaços, carregados de valores coloniais, a presença e a participação indígena de forma universal. Um ponto fundamental desse processo, é a ideia de se combater a apropriação que a memória colonizadora faz dos museus enquanto espaços institucionais na busca por legitimar o discurso lacunar da colonização na disputa pela representação do passado.
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