A universidade pública brasileira contemporânea em face dos coletivos indígenas e o epistemicídio
DOI:
https://doi.org/10.30612/nty.v12i19.18808Palavras-chave:
Universidade pública, Coletivos indígenas, Políticas afirmativas, Epistemicídio, RacismoResumo
O presente artigo apresenta a universidade enquanto um território contemporâneo e multifacetado, propício para a inserção dos coletivos indígenas como sujeitos acadêmicos. O objetivo é abordar de forma qualitativa o epistemicídio como uma das manifestações de racismo contra os povos originários presentes na educação superior e que impacta no caráter social universitário, reforçando seu
papel eurocêntrico e menos plural – “monocromática”. Além da experiência dos autores com a temática, a revisão de literatura é o procedimento utilizado para se alcançar o objetivo pretendido. Brevemente, discute-se sobre a universidade pública brasileira no século XXI e seus desafios em face de grupos excluídos anteriormente do corpus acadêmico, realidade que vem mudando após a conhecida Lei de Cotas (Lei n. 12.711/2012), revista pelo congresso em 2023. O recorte deste artigo exclui as Licenciaturas Específicas e recai sobre os cursos de graduação regulares, bacharelados e demais licenciaturas, acessíveis via sistema de cotas. Verifica-se que atitudes de preconceito, discriminação e racismo, no seio universitário, perante os discentes indígenas, são práticas rotineiras, mas pouco se discute, o epistemicídio como sendo uma dessas atitudes, qual seja, a de desconsiderar as experiências, conhecimentos e contribuições culturais dos estudantes indígenas. O mesmo ocorre reiterada e sutilmente na vivência acadêmica em decorrência da organização curricular, da condução da pesquisa e extensão e da postura docente. Apresenta-se no artigo uma lista de indicativos para o enfrentamento ao epistemicídio e sua superação no território universitário brasileiro
Downloads
Referências
ABBAGNANO, Nicolla. 2007. Dicionário de Filosofia. 1ªed. São Paulo, Martins Claret.
AGUILERA URQUIZA, Antônio Hilário. 2018. “Antropologia e Interculturalidade: Reflexões a partir das experiências de indígenas na educação superior em Mato Grosso do Sul / Brasil”. Revista Euroamericana de Antropología, Salamanca, 6: 47-61.
AGUILERA URQUIZA, Antônio Hilário; SANTOS, Evanir Gomes dos. 2020. “Educação Indígena e Direitos Humanos: racismo e sub-representação na Educação em MS”. Veredas Revista Interdisciplinar de Humanidades, 3(6):17-43.
AMARAL, W. R. 2010. As trajetórias dos estudantes indígenas nas Universidades Estaduais do Paraná:sujeitos e pertencimentos. Tese de Doutorado em Educação, – Universidade Federal do Paraná.
ARROYO, Miguel G. 2014. Outros sujeitos, outras pedagogias. Petrópolis. Ed. Vozes. BANIWA, G. dos S. et al. 2010. Olhares indígenas contemporâneos. Brasília, Centro Indígena de Pesquisas.
BARRETO, Arnaldo Lyrio; FILGUEIRAS, Carlos A. L. 2007.” Origens da Universidade Brasileira”. Quim. Nova, 30 (7): 1780-1790.
BERGAMASCHI, Maria Aparecida; NABARRO, Edilson; BENITES, Andreia. 2013. Estudantes indígenas no ensino superior: uma abordagem a partir da experiência na UFRGS / Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Editora da UFRGS.
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União de 05/12/1988. p.1.
CARNEIRO, Aparecida Sueli. 2005. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. Tese de Doutorado em Filosofia. Universidade de São Paulo.
CARVALHO, D. D. A. de. 2010. A política de cotas da Universidade Federal do Tocantins: concepção e implicações para a permanência dos estudantes indígenas. Dissertação de Mestrado em Educação. Universidade Federal de Goiás.
CARVALHO, J. J. de. 2016. A política de cotas no ensino superior: ensaio descritivo e analítico do Mapa das Ações Afirmativas no Brasil. Brasília, INCT.
CHAUÍ, Marilena. 2000. Convite à Filosofia. São Paulo, Ed. Ática.
COLOMBO, Sonia Simões (org.).2013. Gestão Universitária. Porto Alegre, Penso.
DIAS, Pâmela. 2023. A universidade não nos comporta', diz Daniel Munduruku sobre desafios culturais dos povos indígenas. In:
https://extra.globo.com/brasil/educacao/educacao-360/noticia/2023/06/a-universidade-naonos-comporta-diz-daniel-munduruku-sobre-desafios-culturais-dos-povos-indigenas.ghtml (acessado em 23 de junho de 2023).
FIALHO, Nadia Hage. 2005. Universidade multicampi. Brasília, Autores Associados.
FURTADO, Cláudio Alves; SANSONE, Lívio (Orgs.). 2014. Dicionário crítico das ciências sociais dos países de fala oficial portuguesa. Salvador, EDUFBA.
GOMES, Nara Lis Pimentel; BOULLOSA, Rosana de Freitas. 2019. “A reconstrução crítica da questão indígena como um argumento de políticas públicas no Brasil”. In: MORAES, Nelson Russo de et al (org.) [recurso eletrônico]. Povos originários e comunidades
tradicionais. V. 3. Porto Alegre, Editora Fi, p- 421 -452.
IBGE. 2022. Censo Demográfico de 2022. In: https://censo2022.ibge.gov.br/panorama/ (acessado em 8 de agosto de 2023).
ITÁLIA.1988. Magna Charta Univesitum. Bolonha. In: http://www.magnacharta.org/resources/files/the-magna-charta/portuguese (acessado em 20 de setembro de 2021).
LIMA, Mariana. 2021. O que é epistemicídio? In: https://www.politize.com.br/o-que-eepistemicidio/ (acessado em 19 de dezembro de 2023).
MALDONADO-TORRES, Nelson. 2017. “Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto”. In: CASTRO-GÓMEZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramon (org.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistêmica más allá del capitalismo
global. Bogotá, Siglo del Hombre Editores, p. 200 -250.
MARTINS, M.S; MOITA, J.F.G.S. 2018. Formas de silenciamento do colonialismo e epistemicídio: Apontamentos para o debate. In:
https://eventos.ufu.br/sites/eventos.ufu.br/files/documentos/mireile_silva_martins.pdf (acessado em 04 de janeiro de 2024).
MATO, Daniel (org.). 2012. Educación Superior y Pueblos Indígenas y afrodescendientes en América Latina. Normas, Políticas y Prácticas. Caracas, IESALC-UNESCO.
MIGNOLO, Walter. 2003. Histórias Locais: Projetos Globais Colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Tradução de Solange Ribeiro de Oliveira. Belo Horizonte, Editora UFMG.
MONTEIRO, Aloísio; LEAL, Juliene do Nascimento. 2010. “Lugar da memória e memória do lugar: formação de professores indígenas e o currículo como narrativa étnico racial”. In: MONTEIRO, Aloisio. SISS, Ahyas. (org.) Negros, Indígenas e Educação Superior. Rio de
Janeiro, Quartet: EDUR, p. 139 – 150.
NASCIMENTO, Adir Casaro; VIEIRA, Carlos Magno Naglis; AGUILERA URQUIZA, Antônio Hilário. 2020. “Protagonismo Indígena na Pós-Graduação: decolonizando o currículo e o espaço universitário”. Rev. Espaço do Currículo (online), João Pessoa, 13 (especial), p.
-873. In: http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php.
OLIVEIRA-PANKARARU, Maria das Dores de. 2012. “As Políticas Públicas de Educação Superior para Indígenas e Afrodescendentes no Brasil: Perspectivas e Desafíos”. In: Daniel Mato. (org.). Educación Superior y Pueblos Indígenas y Afrodescendientes en América Latina.
Normas, Políticas y Prácticas. Caracas, Instituto Internacional de la UNESCO para la Educación Superior en América Latina y el Caribe (IESALC-UNESCO), p. 180-230.
PEREIRA, Elisabete Monteiro de Aguiar (org.). 2010. Universidade e Currículo: Perspectivas de educação geral. Campinas, Mercado de Letras.
PESSANHA, Eliseu Amaro de Melo. 2019. “Do Epistemicídio: as Estratégias de matar o conhecimento negro africano e afrodiaspórico”. Problemata: R. Intern. Fil, 10 (2), p. 167-194. In: https://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/problemata/article/view/49136/28617.
ROQUETE DE MACEDO, A. R.; TREVISAN, L. M. V.; TREVISAN, P.; MACEDO, C. S. 2005. “Educação Superior no século XXI e a reforma Universitária Brasileira. Ensaio”. Avaliação e Políticas Públicas em Educação, 13 (47), p. 127-148.
SANTANA, Tatiana de Oliveira; PAIM, Elison Antonio. 2018. “Mônadas sobre mulheres indígenas na Universidade”. Fronteiras: Revista Catarinense de História, Dossiê História Indígena e estudos decoloniais (31), p. 49 - 68.
SANTOS, Boaventura de Sousa.1995. Pela mão de Alice: o social e o político na pósmodernidade. 3. ed. São Paulo, Cortez.
SANTOS, Boaventura de Sousa. 1998. La globalización del derecho: los nuevos caminos de la regulación y la emancipación. Bogotá, ILSA/ Universidad Nacional de Colombia.
SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (org.). 2010. Epistemologias do Sul. São Paulo, Cortez.
SANTOS, Maria Santana Ferreira dos; NUNES, Suzana Gilioli da Costa; NASCIMENTO, Romário Rocha do. 2019. “O sistema de cotas e a permanência dos indígenas na Universidade Federal do Tocantins”. In: MORAES, Nelson Russo de et al (org.). Povos originários e
comunidades tradicionais. V.3. [recurso eletrônico]. Porto Alegre, Editora Fi, p. 453- 481.
SIEBIGER, Ralf Hermes. 2013. O processo de Bolonha e a universidade brasileira: aproximações a partir da análise de documentos referenciais. Dissertação de Mestrado em Educação. Universidade Federal da Grande Dourados.
SILVA, Joelma Boaventura da; AGUILERA URQUIZA, Antônio Hilário. 2023. Discente Indígenas em Bacharelado de Direito: Mônadas de Vivências Acadêmicas. In: https://www.ram2023.sinteseeventos.com.br/anais/trabalhos/lista?simposio=241#php2go_top
(acessado em 20/12/2023).
SOUZA, Dominique Guimarães de; MIRANDA, Jean Carlos; SOUZA, Fabiano dos Santos. 2019. “Breve histórico acerca da criação das universidades no Brasil”. Revista Educação Pública, 19 (5), p. 1-10. In: https://app.uff.br/riuff/handle/1/15468.
SOUSA SANTOS, B. de. (org.). 2005. Semear outras soluções. Os caminhos da biodiversidade e dos conhecimentos rivais. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira/ Ministério da Cultura.
VIANNA, Fernando de Luiz Brito (org.). 2014. Indígenas no ensino superior: as experiencias do programa Rede de Saberes em Mato Grosso do Sul. 1ª ed. Rio de Janeiro, E-Papers
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 3.0 Brasil que permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).