A necropolítica para territórios quilombolas: o racismo como tecnologia de organização do espaço
DOI:
https://doi.org/10.30612/nty.v10i16.16768Palavras-chave:
Direitos Humanos, conflito, territorialidadeResumo
Este artigo é produto de pesquisas de campo etnográficas empreendidas em 2018, 2019 e 2022, no quilombo Patos do Ituqui (Santarém, PA). Aqui aciono o conceito de necropolítica para contextualizar as estratégias usadas por ‘agentes do desenvolvimento’ situadas na região do Baixo Amazonas, que guiadas pelo racismo, visam desarticular o movimento quilombola organizado. Oriento-me pela afirmativa foucaultiana de que o racismo é uma tecnologia do poder. Quis demonstrar a perpetuação da aliança histórica entre Estado e empreendimentos capitalistas no desenho territorial, atualmente, apegada ao mito do desenvolvimento para todos como forma de legitimar o avanço da fronteira do agronegócio. Desta forma, aponto também como o Estado e os ‘agentes do desenvolvimento’ têm executado um projeto de morte de quilombolas e outras comunidades tradicionais, além da propagação do medo da morte. Visto que o projeto se dá por duas vias: pela desqualificação da condição de humanidade e pela destituição dos direitos garantidos pela Constituição Federal de 1988.
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