“Recalibrar o mundo”:
Pajelança, rituais e a territorialidade Munduruku ante o avanço desenvolvimentista na bacia do rio Tapajós
DOI:
https://doi.org/10.30612/nty.v9i13.15544Palavras-chave:
Munduruku, Hidrelétricas, Lugares SagradosResumo
Nas últimas duas décadas, as paisagens da bacia do rio Tapajós vêm sofrendo um intenso processo de transformação, diante do avanço das frentes capitalistas, envolvendo, sobretudo, a construção de barragens hidrelétricas, de portos e a exploração mineral. Esses projetos alteraram substancialmente o território e a vida do povo Munduruku, habitante da bacia do rio Tapajós. Neste artigo, buscaremos compreender as consequências da destruição de locais considerados sagrados, como Karobixexe e Dekoka’a, para todo o povo e, mais amplamente, para os pariwat (não indígenas). Abordaremos, ainda, as relações que os Munduruku estabelecem entre grandes empreendimentos e o “desequilíbrio do planeta”. Com isso, argumentamos que a destruição de locais sagrados desencadeou um processo de (re)elaboração cosmológica, a partir do xamanismo, de relações com seres outros-que-humanos e da reafirmação da territorialidade Munduruku em seus enfrentamentos aos grandes projetos e ao extrativismo predatório. Para abordar essa cosmopolítica Munduruku, o artigo fundamentou-se, sobretudo, em dados etnográficos reunidos durante o período que compreendeu a ocupação do canteiro de obras da usina hidrelétrica São Manoel, em 2017, e o resgate das itiğ’a (urnas funerárias) do museu de história natural de Alta Floresta (MT), em 2019.
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